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A Vida Sexual dos Macacos
Mary Farias

Jogos com a platéia, vídeo e até ovos mexidos em cena. Isso é A Vida Sexual dos Macacos, um monólogo que vai muito, mas muito além do texto. É mais ou menos assim: sem definição de tempo-espaço, damos de cara com um personagem sarcástico e ao mesmo tempo sensível ao extremo, que além de divagar sobre temas sexuais acaba contando suas histórias, ora cheio de escárnio, ora cheio de lirismo. Os estímulos que o remetem às suas lembranças são trazidos por um "macaco-serviçal" ao palco: alimentos, cheiros, bebidas, vídeo, objetos, etc.

O espetáculo foi realizado no espaço da Usina do Gasômetro, de 17 de novembro a 18 de dezembro, pelo grupo Teatro Sarcáustico com direção de Felipe Galisteo. O texto é parceria do Felipe com Daniel Colin, que atua na peça. O grupo existe desde 2004, quando estreou com a peça "GORDOS ou somewhere beyond the sea", trabalho de conclusão em interpretação teatral no DAD de alguns de seus integrantes. Os Sarcáusticos também criaram e produziram "Há Vagas Para Moças de Fino Trato", "IntenCIDADE 1ª : Voar", "A Noiva Quer Casar" e "Jogo da Memória". E parece que várias dessas peças voltarão a cartaz agora em 2009, quando o grupo completará 5 anos e trará cinco espetáculos de volta aos palcos.

Resolvi ouvir um pouco do diretor sobre a concepção do espetáculo, suas principais influências e referências, e a resposta foi a seguinte:

"Na verdade, fui concebendo enquanto diretor à medida que os ensaios iam acontecendo, sem tentar me prender a nada e sim deixar o Daniel o mais livre possível no seu processo de ator, para tentarmos assim descobrir do que iríamos falar e a forma como falaríamos disso a partir de experiências práticas sobre nossas referências teóricas. Íamos cada um para sua casa, escrevíamos um pouco, líamos mais coisas, mandávamo-nos por e-mail, voltávamos para o ensaio, experimentávamos sobre aquele material, etc etc etc, um processo bem diferente de minhas experiências teatrais anteriores. Deste modo, comecei a perceber que a peça estava ganhando um desenho, adquirindo uma cara, que aí sim, não poderia ficar mais solta. Teria que fazer daquela miscelânea de informações, de idéias contidas em textos de autores como David Foster Wallace, Ernest Cline, Nicky Silver, Philip Roth e Sergí Belbel e de materiais de ensaio um espetáculo. E a cara que ela foi ganhando era uma cara engraçada, cômica, muito pela presença e o carisma que o Daniel emprestava à cena, que beirava ao stand up comed. Mas não era o formato do tradicional show de piadas americano que eu queria, mas sim a forma de atuação, o desprendimento, a aproximação entre Daniel e a platéia (que naquele momento ainda era só eu). Eu queria também a explosão do personagem clássico, o ator buscando a apropriação do discurso, quase um palestrante, uma atuação não representativa nem interpretativa, a atuação em si mesma, como um performer. Mas também não era uma performance, de maneira alguma. Era uma peça de teatro que ganhava forma e que eu percebia, durante os ensaios, que poderia beber sim dessas linguagens para adquirir seu formato final. A partir disso começou a se desenhar também na minha cabeça os elementos de cena, o cenário, a linguagem da encenação em comunhão com a linguagem de atuação. E foi assim que nasceu nossa Vida Sexual. E digo nossa pra deixar bem claro de que macacos estamos falando."

E foi exatamente isso que impressionou a mera espectadora que vos fala: fundir, brincar e transcender as linguagens em cena é uma declaração de amor à expressão. Apesar de tantos falarem, discutirem, incutirem, criarem, destruírem e arrotarem conceitos sobre formatos e estilos poucos mostram assim, sem medo, que entendem o verdadeiro significado dessa brincadeira de espírito para espírito, esse contemplar e ser contemplado.


09/01/2009

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