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Literatura

Por que os artistas devem dar seu trabalho de graça
Marcelo Spalding

Sabe quanto um escritor ganha quando um livro seu é vendido? No melhor dos casos, 10%. Digamos R$ 3,00. Sabe quantos livros um autor vende por ano. Sendo otimista, mil livros. Bem otimista. Agora faça as contas: R$ 3000,00 por ano é suficiente para alguém viver da venda de livros? Não, decididamente não. Aí as alternativas são procurar um emprego “decente”, ter uns 50 livros publicados e em catálogo ou continuar dando murro em ponta de faca. E, em todos os casos, reclamando que o brasileiro não lê, que o governo não incentiva, etc, etc, etc.

Esse cenário, com uma ou outra variação, é o mesmo para todas as artes: um artista médio, competente mas não midiaticamente reconhecido, não tem espaço para seu trabalho e é muito mal remunerado por ele. A questão é: será um problema de mercado, do artista ou do sistema? Excluindo-se os casos em que é problema do artista, entre o mercado e o sistema eu diria que o problema é do sistema.

Dizem que o brasileiro não lê, mas você sabia que o Brasil é um dos dez países que mais vendem livros no mundo? Metade são livros didáticos, metade da metade são best-sellers e ainda tem os de auto-ajuda e espiritualidade. Além disso, pesquisas indicam que o brasileiro lê menos de três livros por ano. Três! Ou seja, nossa grande missão é, também, fazer com que as pessoas leiam mais (problema de marcado), mas o principal é fazer com que as pessoas leiam os nossos livros, e não os best-sellers (um problema de sistema).

Para a livraria e para a editora o melhor é que eles leiam o best-seller. Sai mais barato para eles imprimirem e a margem de lucro é muito maior. Então nossa única saída, na impossibilidade de fazermos um best-seller, é sair desse sistema.

Há vinte anos isso seriam absolutamente difícil, embora ainda assim possível, e que os digam os poetas marginais. Mas hoje, com a internet, temos uma grande oportunidade de estreitarmos nossa relação com o leitor e tirarmos os intermediários da jogada, criando uma vantagem competitiva enorme para os nossos livros em relação aos best-sellers.

Chris Anderson, em seu livro A Cauda Longa, afirma que se a indústria do entretenimento no século XX baseava-se em hits, a do século XXI se concentrará com a mesma intensidade em nichos: "Os consumidores estão mergulhando de cabeça nos catálogos, para vasculhar a longa lista de títulos disponíveis, muito além do que é oferecido na Blockbuster Video e na Tower Records. E quanto mais descobrem, mais gostam da novidade. À medida que se afastam dos caminhos conhecidos, concluem aos poucos que suas preferências não são tão convencionais quanto supunham (ou foram induzidos a acreditar pelo marketing, pela cultura de hits ou simplesmente pela falta de alternativas." (p. 15)

Dessa forma, é mais provável que um potencial leitor de seu livro o encontre navegando na internet do que passeando numa livraria. Muito mais provável. E nesse sentido não surpreende que muitos escritores estejam disponibilizando sua obra toda, de graça, em sites e blogs, numa última e desesperada tentativa de fazer circular algo que lhes deu tanto trabalho, e às vezes custou tanto dinheiro. E adianta? Sim e não.

Realmente o usuário que entrar em seu site ou blog, se identificar com a sua temática ou conhecer você terá a curiosidade de baixar o livro e talvez até leia alguma coisa. Mas para você ter mais acessos é preciso algum tipo de divulgação, investir nisso, e para fazer qualquer investimento, por menor que seja, é preciso dinheiro, que acaba não entrando quando você disponibiliza de graça o livro. Ou seja, é pior que os R$ 3,00 do modelo tradicional, supondo que você ainda consiga vender algo no modelo tradicional.

Um princípio de resposta pode estar em outro livro de Chris Anderson, Free: o futuro dos preços (Elsevier, 2009, 270 p.). O autor traz entrevistas, dados, episódios históricos e atuais para mostrar que os preços no mercado digital estão caindo tanto que logo chegarão a zero, e viveremos uma economia do Grátis. Só que isso, ao invés de apavorar quem atua nesse mercado está se mostrando extremamente lucrativo: as empresas estão ganhando ainda mais dinheiro com isso (basta vermos o Google).

No que tange à livros, Anderson dá alguns exemplos, entre eles o de Paulo Coelho, que brigou com sua editora para colocar seu livro mais popular, O Alquimista, no BitTorrent, gerando um renovado interesse pelo autor e transformando seu novo lançamento em um sucesso de vendas maior ainda (livro que, aliás, também está disponibilizado no BitTorrent). Anderson cita ainda um autor menos conhecido, que disponibilizou seu livro para download e colocou ao lado um link para doações voluntárias no PayPal: “das aproximadamente 8 mil pessoas que baixaram o livro, cerca de 6% pagaram, com preço médio de U$ 4,20)”.

O modelo mais completo de negócios para livros (e para artes) que o autor apresenta é do Flat World Knowledge, que disponibiliza a versão digital de TODOS os seus livros gratuitamente. E como eles vivem? Vendendo livros ou capítulos do livro impressos, versão em PDF imprimível, audiolivro em MP3, e-book para e-readers e por aí vai. Isso sem contar as palestras para as quais os autores são chamados, e que rendem muito mais do que a venda de 100 livros em livrarias.

Ao final Anderson irá ressaltar que “dar o que você faz não o tornará rico; você precisa pensar com criatividade em como converter a reputação e atenção que pode obter com o Grátis em dinheiro”. Mas, acrescento eu, às vezes é muito melhor não ganhar nada do que ganhar quase nada, como ocorrem com nossos contratos com as editoras (isso quando não pagamos para editar nossos livros). Porque não esqueça que ao ser editado por uma editora você cedeu os direitos sobre seu texto para ela, e às vezes teria sido muito mais lucrativo ter esse texto contemplado num concurso literário de sua cidade, inscrito em alguma lei de incentivo ou patrocinado por uma empresa privada em busca de estratégias de investimento em cultura.

Ou seja, caro artista, não tenha vergonha de dar seu trabalho de graça. Não todo ele, parte dele. Descubra qual parte você pode abrir ao seu público a fim de cativá-lo para que ele aí sim compre a outra parte, seja algum lançamento, uma versão impressa do livro, uma palestra ou show, uma camiseta autografada. O que não podemos é permanecer refém daqueles que não querem nos vender, preferem vender os best-sellers a nós, e ainda culpam disso o leitor, que sequer teve a chance de nos conhecer.


27/09/2010

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Comentários:

Ótimo texto. A realidade do escritor brasileiro, principalmente os novatos, é difícil. A maioria, penso, vende pouco e não tem penetração no mercado. Contudo, quem puder investir, deve procurar saídas para cativar seus leitores.
Marcelo Canto, Cachoeirinha/RS 01/11/2010 - 19:32
Alô Marcelo. Ótimo texto. Como solução, sugiro que o artista evite se expor por qualquer trocado, mesmo que isso seja quase impossível nos dias de hoje. Às vezes, andar na contramão da tendência te traz mais respeito e auto-confiança que simplesmente "vender" sua arte.
Roberto Niederauer, Caxias do Sul/RS 30/09/2010 - 01:03
Excelente matéria Marcelo!
soninha porto, porto alegre 30/09/2010 - 01:01
Grande texto, Marcelo. Faz algum tempo, sabemos todos, o Brasil entrou na rota de mesmice das editoras globalizadas, entronizando o best-seller via mídia e campanhas massivas de divulgação. Ter claro como a coisa funciona é chave para alterar essa lógica, e teu texto contribui enormemente para isso. Na outra ponta, e o colocas bem, não adianta ter ilusões com as megaempresas da internet que querem lucrar com o conteúdo gratuito que postamos. Depois que o Creative Commons, operado a partir da Inglaterra, se revelou um braço de purpurina dos banqueiros norte-americanos Morgan-Rockfeller, é preciso ficar mais que atento. Sim, divulgar alguma coisa, para nossos livros circularem, mas não entregar tudo irrefletidamente. Abraço e parabéns.
Sidnei Schneider, Porto Alegre/RS 29/09/2010 - 23:08
Realmente Marcelo, está difícil ter sustentabilidade com a Arte, eu sou Artista Plástico e minhas obras estão em Sites, faço Exposições,participo de coletivas e mesmo assim as vezes 1 obra é que é vendida para pagar as contas do próprio investimento. Acredito que esta é uma realidade não só dos dias de hoje, mas é uma realidade. A Cultura muitas vezes é vista com um suplemento na vida das pessoas e deveria ser ao contrário, a Cultura é a Vida das pessoas. Quem sabe através de Associações o Artista em conjunto consiga uma melhor sustentabilidade. Acho muito bom e interessante a doação de obras no sentido de ajudarmos alguma instituição,mas acho que o Artista tem que ser valorizado pelo seu trabalho, a final é um trabalho e muito mais com talento e talento tem que ser valorizado. Precisamos Refletir o caso e nos incluirmos no processo construtivo de uma sociedade economicamente viável no sentido real da situação. Acredito que a palavra é SUSTENTABILIDADE. Precisamos disto. Parabens pelo Assunto, este é importante.
João Alberto Lemos Afonso, Xanxer- Santa Catarina 29/09/2010 - 19:37
Marcelo, maravilhoso o teu texto. Sonho com alternativas viáveis para, quem sabe um dia,divulgar uns textos que ando escrevendo para "crianças de todas as idades". Um abraço, Sandra Silva
Sandra Silva, Porto Alegre / RS 29/09/2010 - 18:45
Boa tarde! Como vai? Quero confessar que li primeiro os comentários e depois o teu texto. Não me pergunta a razão, até porque, não costumo agir assim. Bem, sou autora idenpendente, não por opção - quatro livros editados( poderia ter muito mais).No momento desisti de procurar editora. Na verdade, fiz contato com poucas. Uma delas( uma das grandes), elogiou meu livro e queria me incluir no " Novos Talentos Brasileiros", ou algo assim. Bem, para isso, eu teria que pagar à editora R$ 12.500,00, isso em 2008.Lógico que não aceitei, entre os motivos, não tinha essa quantia.Em outra a resposta foi a seguinte( por telefone): "- Para esse ano não temos mais vagas para autores brasileiros" (??). Quis saber o número de vagas. Resposta: "- É de 30%. Os outros 70% são para autores estrangeiros". E por último, no ano corrente, um editor me disse que não gostou do meu livro( capa, tamanho da letra, título, gramatura das folhas...e do texto). Concordei com ele que me faltou capacidade para área artística. Mas, ele se esqueceu de que, sou uma autora, aquela que ESCREVE histórias, e não uma produtora de artes. Ele foi além, disse-me que os valores que passo no livro estão ultrapassados. Respondi que valores jamais estarão ultrapassados. E que, por ter editor pensando que nem ele é que o mundo estava dessa forma. O que comprovei até agora é que, meu livro : O sapo, a bruxa e a corrente do bem( meu quarto livro, porém o meu primeiro livro infantil), antes mesmo do seu lançamento em 15.05.10, havia uma vendido mais de 150 exemplares. Leitores ansiosos para lerem a história! Para uma autora independente e desconhecida é muito. Fico imaginando as vendas se eu tivesse uma editora me apoiando e divulgando na imprensa, televisiva, por exemplo. Sei de autores que nem conseguiram vender 50 exemplares ao longo de anos. Não porque seus livros não são bons, mas, por inúmeros motivos, dos quais conheço bem. Muitos deles desistiram de editar mais livros por terem desanimado;por terem escutados pessoas negativas ao seu redor, para não falar dos invejosos( infelizmente, até no meio literário eles se encontram). Escolas têm me convidado para incentivar a leitura, e , um dos motivos de querem o livro em suas bibliotecas é justo porque o livro passa valores. Se eu não acreditasse no que escrevo e, fosse pensar no que o editor disse, não estaria com a agenda cheia de compromissos literários até 19.11.10 e recebido pessoalmente carinho e a admiração dos meus leitores! Em 15.10., por exemplo, estarei participando da Feira do Livro de Gravataí, juntamente com meu ilustrador. Uma diga aos autores independentes: Não esperem que alguém divulgue seu livro. Sabes por quê? Porque não existe ninguém melhor do que o autor para falar do seu livro; divulgá-lo e responder aos leitores o que eles desejam saber ao seu respeito e em relação a história escrita. O contato com os leitores é algo que não tem preço!Por todas as dificuldades que passei desde 2000( data do lançamento do meu primeiro livro, na Feira do Livro de Porto Alegre) até os dias de hoje, digo que, não tenho pensado mais em editoras. Não buscarei mais nenhuma, pelo menos por agora – focarei minhas energias nos meus livros( atualmente escrevo três). Se elas me acharem: sorte delas! rs Explico: Meus livros vendem!Prova disso é que todos os meus outros três estão com edições esgotadas. E, dos três livros que escrevo atualmente, dois romances e o segundo da série infantil, tenho listas de espera. Por isso e por não viver sem escrever - escrever para mim é como respirar - é que estou me programando para editar meu quinto livro: 06.04.11. Editoras e autores independentes só não podem escapar das livrarias e pontos de venda, os quais ficam com 30% do nosso preço de capa. Um detalhe importante: Quando recebo um "não", esse não me dá forças para prosseguir.E, com ele, provo aos pessimistas que sou capaz. Marcelo, seria interessante estar numa mesa debatendo esse assunto. Caso ela aconteça, por favor, me convida. Abraço, sucesso e desejo muita inspiração. Cármen Neves. www.carmenneves.prosaeverso.net
Cármen Neves, Cricima SC 29/09/2010 - 16:28
Boa abordagem, caro Mercelo. Devemos debater este tema sempre. Mas precisamos fazer andar nossa literatura contemporânea de alguma forma, vendendo de mão em mão, de mesa em mesa de bares, nos saraus e lançamentos, para amigos, familiares e alunos, enfim levando a obra para outras pessoas. Fazendo nome no meio literário o autor tem mais chence de vender seu trabalho. Mas é melhor que tenha uma outra renda para se sustentar, além da venda de livros. Aprovo a doação de livros para as bibliotecas escolares, comunitárias, particulares e governamentais. Porém a obra também deve estar disponível nos diversos espaços que a internet oferece. Enfim devemos continuar esta luta de todo escritor e produzir conteúdos. As mídias estão aí, diversas, e devemos usá-las e então conseguiremos leitores, que têm mais valor que míseros reais possíveis de se arrecadar neste sistema caótico. Parabéns pelo teu trabalho intelectual. VLADIMIR SANTOS - Escritor e Editor.
Vladimir Santos, Porto Alegre 29/09/2010 - 16:26
Parabéns Marcelo! Texto recheado de verdades imparciais. Adoro isso! Sou das Artes Plásticas e sou franca em dizer que estamos em crise profunda, tanto de conteúdo, quanto de saturação e o famigerado "valor de mercado" que faz com que poucos eleitos ou antenados vivam hoje do fazer a sua Arte. Acredito que em todos os setores vivemos hoje A grande crise de valores em todos os âmbitos. A internet surgiu prá acelerar nossas possibilidades de saída, e muitas coisas estão sendo redimensionadas. Valores! Qual o valor de um livro ou de uma pintura? Piscinas e carros vem sempre na frente, e sou cruel porque não DOU uma das minhas pinturas. Mas eu não dou mesmo! Para mim se o mercado não dá valor, vai ficar SEM. E busco novas alternativas acreditando no poder das tribos e redes, que conseguem trabalhar com a qualidade e não com a quantidade. Em tribos que se reúnam ao redor de valores comuns, e não podemos esperar que todos pensem igual. E a internet acelera tudo isso. Formatar uma rede é questão de observar o quê, mesmo, ocorre. Fantástico o Marcelo ser claro quando diz que o autor ganha 3 pilas por exemplar e, acredito, não paga nem o lanchinho que comeu durante suas reflexões. Já é um começo definitivo. Não são as editoras e nem o público alvo culpados de nada. Vivemos uma crise de valores, e os recomeços baseados em realidades é que darão os novos tons. É da crise que surgem novos comportamentos, os quais precisam ser observados e discutidos. Obrigado pela revelação clara da problemática que vivenciamos hoje, e pelo espaço para se discutir isto tudo.
CARLA VOLKART, Porto Alegre 29/09/2010 - 16:08
Achei muito perspicaz o artigo do Marcelo, e esta em consonância com o meu pensamento. Vou acalentar esse debate: a literatura (tirando em parte os mega, best e livros didáticos) concorre diretamente em nível de atenção do público consumidor, com diversos outros gêneros e mídias disponíveis para entreter (TV, internet, cinema, shows, espetáculos, exposições, etc). E neste sentido vem perdendo tempo (horas) dedicado a ela. Portanto, como conseguir coexistir nesse cenário global de asfixia mental que a indústria midiática estabelece? Percebo que o Spalding deu boas dicas, mas falta mais, como por exemplo, conseguir que a setor da literatura obtenha no mínimo o mesmo peso/lobby que o setor audiovisual consegue de incentivo do governo, pois quando não se tem um mercado estruturado (caso da literatura e de qualquer outra arte no Brasil) deve o Estado subsidiar por um tempo suficiente (e nunca infinito) até que o mercado então se estabeleça. Deveríamos (a literatura real) exercer um papel diferenciado dentro desta cadeia da economia da cultura, diametralmente inverso do ocupado agora. Abraço a todos!
Rafael Trombetta, Porto Alegre 29/09/2010 - 14:36
Caro Marcelo, Li atentamente este teu texto e gostaria – se este escritor aceitar – dizer algo que penso. E farei colocando parte de tua frases e dizendo algo logo a seguir. Tu falas: “ um artista médio ... não ... reconhecido, não tem espaço” É VERDADE, VISTO QUE A MÍDIA DÁ PREFERÊNCIA ÀQUELES QUE FAZEM PARTE DE SEUS QUADROS DE FUNCIONÁRIOS, ENQUANTO ALGUM DE NÓS SE ARREBENTAM PARA UM MICRO ESPAÇO. ”... nossa grande missão é... fazer com que as pessoas leiam os nossos livros, e não os best-sellers...” CONCORDO. MAS DEVERÍAMOS – OS ESCRITORES DE MÉDIO PORTE PARA BAIXO – PRESTIGIAR SEUS PARES DE MESMA INTENSIDADE. EU FAÇO ISSO. NA FEIRA DO LIVRO – POR EXEMPLO – SEPARO UNS PILA PARA PRESTIGIAR ESCRITORES DESCONHECIDOS (OU QUASE). NO ENTANTO OBSERVO QUE ISTO NÃO OCORRE COM MUITO COLEGAS DE PORTE MÉDIO, QUE SONEGAM SUA PRESENÇA EM LANÇAMENTOS DE NÃO FAMOSOS E ABUNDAM AS FILAS DE GENTE CÉLEBRE. E, MUITAS VEZES, ESTE AUTOR “PEQUENO” ESTÁ AO LADO AUTOGRAFANDO. E ESTE, TENHO CERTEZA, ADORARIA SER ESCOLHIDO PARA QUE COMPRASSEM UM LIVRO SEU. NA VERDADE, POUCO OUÇO ALGUÉM INDICANDO E FALANDO BEM DE UM LIVRO DOS NÃO FAMOSOS, QUANDO, NÃO FALAM ATÉ MAL. “ ... Então nossa única saída... é sair desse sistema.” “... estejam disponibilizando sua obra... de graça, em sites e blogs, numa última e desesperada tentativa de fazer circular algo...” É UMA TAREFA DIFÍCIL, MARCELO. FAÇAMOS UMA PESQUISA PARA VER QUANTOS DE NÓS ACESSA ALGUM SITE DOS MENOS PRIVILEGIADO. NÃO FALO SÓ EM ACESSO, MAS DE DEIXAREM UMA MENSAGEM, NEM QUE SEJA UM CRÍTICA. NÃO FICARIA SURPRESO SE FOSSEM POUCOS. “... muito mais lucrativo ter esse texto contemplado num concurso literário... inscrito em alguma lei de incentivo” É POR ISSO QUE A TURMA DA PERIFERIA DEVE – EU FAÇO ISSO – INSCREVER SEUS TEXTOS EM CONCURSOS LITERÁRIOS E TORCER PARA QUE SEJA VENCEDOR. DAÍ, A PUBLICAÇÃO É UM PULO. TENHO INCENTIVADO MUITOS AMIGOS – QUE ANONIMAMENTE ESCREVEM – QUE FAÇAM PARTE, POR EXEMPLO, DO CONCURSO POEMAS NO ÔNIBUS DA SMSPOA NO MAIS, UM ABRAÇO A ESTE DESBRAVADOR DO MINICONTO. ALCIR NICOLAU PEREIRA SITE: www.alcirnicolau.com
ALCIR NICOLAU PEREIRA, Porto Alegre 29/09/2010 - 14:32
Caro Marcelo: Como sempre, um artigo bem escrito e, sobretudo, útil. POsso colocá-lo em meu blog, com os devidos créditos ? Meu blog é: www.doravantebrasil.blogspot.com Abraço. Paulo
Paulo Amaral, Porto Alegre, RS 29/09/2010 - 13:09
O q se vê é um mal entendido muito grande em relação ao q é obra destinada ao marketing do artista e o q essencialmente a própria arte da qual o artista comercialmente cobra um preço justo e vive disso. Mas claro q isso só vemos na industria fonográfica e literária, pq ngm vê um pintor doando suas obras, muito menos um estilista de moda. Uma questão até ridicula na minha opinião são determinadas classes de consumidores q pagam mil reais numa calça de brim mas querem baixar música de graça na internet ou pior compram material pirata, presenciei isso num restaurante francês na semana do Restaurant week em SP, um grupo vestindo roupas de marcas famosas q cobram preços absurdos com um maço de DVD pirata na mão. Acredito q os grandes nomes devem estar acompanhados de uma grande editora ou gravadora seja lá a arte q for, pois deste modo a promoção da obra não corre o risco de ser leiloada ou melhor pirateada p o artista poder sobreviver. Está na hora de pensarmos no valor de cada obra e no valor q pode agregar ao leitor.
Lourdes Pereira do Amaral, So Paulo/SP 29/09/2010 - 13:05
O sistema de artes, com certeza, prejudica e muito os novos artistas. Estive participando recentemente da feira do livro em Criciúma, um dos assuntos na mesa literária era justamente sobre as dificuldades impostas por este sistema cultural falho, como disse Max, essa situação é geral. Oque observa-se é um grande jogo de interesses que beneficia algumas poucas pessoas e artistas já consagrados. Acho importantíssimo não deixarmos morrer esse papo no virtual e trazermos a discussão para o real, nos organizando e apontando soluções. Um abraço!
Daniel Angeli, Gravatai/RS 29/09/2010 - 11:53
Excelente artigo! Finalmente, alguém tem coragem de berrar sobre o desperdicio de bons autores que ficam a margem do mercado editorial! Não adianta escrever bem neste país, tem que participar de algum escãndalo midiático, ser ator/atriz, garota de programa, sair pelada em alguma revista...Quanto á leitura, os livros estão muito caros e o lucro vai todo para as editoras, e os autores fica os tais dez por cento!!! Abços
Marisa Piedras, Porto Alegre 29/09/2010 - 11:40
Grande Marcelo! A mesma situação ocorre nas Artes Visuais pois as pessoas acham que a obra "é apenas" aquilo que está alí na sua frente, e na maioria das vezes somente para passar tempo. Não pensam na formação, na pesquisa, na constante atualização de conhecimentos, e principalmente no TALENTO do Artista. Parabéns pelo pontapé inicial nesta discussão sobre o preço da criação artística.
Waldemar Max, Gravata 29/09/2010 - 11:29
Oi Marcelo! Achei muito interessante o teu artigo. Eu, particularmente, tenho vários livros em papel e alguns em forma de e-book. Estes últimos estão disponíveis de forma gratuita na rede. Como tenho um tino comercial muito limitado, ainda não deu para criar a relação gratuidade=lucro, que o teu artigo propõe. Entretanto, o que eu queria comentar é que mesmo sendo gratuito - ou talvez exatamente por isso - a repercussão dos e-book é menor do que a dos livros tradicionais. Que tal um artigo sobre esse ponto? Um abraço.
Simone Saueressig, Novo Hamburgo/RS 29/09/2010 - 11:26
Grande Marcelo! Lúcido, direto, contundente! Para contribuir, há quem tenha saudade do mecenato - e, de certa forma, sou um. O artista sofre muito para administrar sua obra de modo "mercadológico". E pode estar desviando o foco, o ânimo, o âmago, mesmo, quando o faz. Mesmo assim, sofre cruelmente quando falta leite para seus filhos e vê sua produção valer menos do que nada... O mecenato, hoje, pode ressurgir sob o manto do investimento em imagem corporativa e salvar bons talentos. Abraços, parabéns, Rubem
Rubem Penz, Viamo/RS 29/09/2010 - 11:20
Com certeza, meus amigos da 8INVERSO. Na verdade as editoras não são o problema, saudades do tempo em que o eram, o grande problema hoje é a concentração das livrarias nas mãos de poucos donos, o que já ocorre também com a mídia. Assim é muito difícil um autor, mesmo publicado por uma editora, conseguir espaço em mídia ou livraria, e vocês devem saber disso melhor do que eu.
Marcelo Spalding, POA 28/09/2010 - 13:05
Como autor, tendo passado por experiências ruins de desonestidade no mercado editorial em busca de espaço, seria fácil para mim criticar as editoras. Mas, trabalhando hoje em uma delas, vejo que há custos e exigências de mercado que fazem do livro um objeto tão caro no Brasil. E há também um lado questionável nessa relação direta entre escritor e público: o papel do editor, que não é (ou não deveria ser) meramente o de ganhar dinheiro às custas dos autores, mas também o de ser um leitor especializado. Vejo nisso tudo, genial Marcelo, um problema do sistema literário como um todo, no sentido que o Carlos Reis atribui a essa ideia: a relação editor-escritor-leitor está em franca mudança e precisa ser repensada. Creio que teu ótimo texto oferece-nos a oportunidade de iniciarmos essa reflexão.
Robertson Frizero, Porto Alegre/RS 28/09/2010 - 11:46
Marcelo, o interessante é que o Chris Anderson é um best seller e ganha muito dinheiro vendendo livros. Na minha opinião como editor o problema é muito mais sério e antipático. Chama-se: conveniência. E envolve principalmente a mídia. Como escritor, creio que o problema é outro. Mas isso vale um chopp ou um café em um dia calmo. Mas admiro a tua coragem em pensar esse problema de modo profundo. Reflexão é a base da mudança. Grande abraço.
Cassio Pantaleoni, Porto Alegre/RS 27/09/2010 - 21:09

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  Marcelo Spalding

Marcelo Spalding é professor, escritor com 8 livros individuais, editor de mais de 80 livros e jornalista. É pós-doutor em Escrita Criativa pela PUCRS, doutor em Literatura Comparada pela UFRGS, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS e formado em Jornalismo e Letras.

marcelo@marcelospalding.com
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