Suely Eva dos Navegantes Braga, nascida em Santo Antonio da Patrulha-RS, mora na cidade de Osório. É professora aposentada em Língua Portuguesa e Literatura, pós-graduada em Orientação Educacionl pela PUCRS. É escritora de contos, crônicas e poesias, premiada muitas vezes a nível estadual e nacional. Participou de mais de 40 Antologias. Em 2007, publicou o livro de contos e crônicas "Os últimos acordes do concerto". Pertence à Academia dos Escritores do Litoral Norte. Escreve na internet ,no Recanto das Letras e no site da Academia. É correspondente do jornal RSLETRAS de Porto Alegre.
Em que momento de sua vida a senhora começou a escrever ficção?
Desde menina fui uma leitora compulsiva. Li quase todos os livros da biblioteca da minha escola. Depois de formada, fui lecionar em Osório língua portuguesa e literatura nas séries do fundamental , também no curso de Magistério. Continuei lendo muito, mas passei a escrever artigos sobre educação e política nos jornais da cidade. Depois de aposentada, com mais tempo livre dediquei-me a escrever contos, crônicas e poesias. Estava com meus textos na gaveta até que em 1998 participei de um Concurso Literário, em Porto Alegre, organizado pelo Cipel-Correio do Povo e fui premiada recebendo um troféu. Isto me estimulou muito e comecei a participar de concursos e a angariar prêmios. Em 2007 consegui publicar meu livro solo, ”Os últimos acordes do concerto”, de contos e crônicas, que foi muito bem aceito. Publiquei e continuo publicando nos jornais da cidade: Revisão e Bons Ventos. Sou correspondente do jornal de Porto Alegre RSLETRAS onde publico textos literários e notícias. Tenho uma página na internet, o Recanto das Letras. Para desenvolver a técnica fiz oficinas de crônicas com Moacyr Sclyer, de contos com Charles Kifer e de poesia com o poeta Luiz de Miranda.
A senhora era professora de Língua Portuguesa. Isso contribuiu para sua formação de escritora?
Sim, ajudou muito. Como lecionava Língua Portuguesa e Literatura tinha que ler muito, ensinei e aprendi muito com meus alunos. Sempre estimulei muito os jovens a gostarem de ler e escrever. Consegui influenciá-los a adquirir o hábito da leitura. Eles escreviam muito. Foi muito gratificante para mim ver que alguns seguiram a profissão de jornalismo e muitas jovens foram e são boas professoras de língua portuguesa e literatura.
A senhora hoje mora em Osório e participa da Academia dos escritores do Litoral Norte. Como funciona a Academia ?
A Academia começou com um pequeno grupo de escritores de Osório, que resolveram se reunir para debater seus problemas que eram muitos. No começo éramos um departamento da Associação dos Estudos Culturais.(AEC), depois foram se agregando mais escritores da região e resolvemos ficar independentes e formar uma Academia. No princípio foi difícil, hoje a Academia tem uma diretoria, uma anualidade para cada sócio. Temos um site que é www.ael.org. A Academia cresceu , amadureceu e criou visibilidade e é respeitada e divulgada na região. Fazem parte dela escritores de Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa, Santo Antonio da Patrulha, Palmares do Sul e Osório. Nos reunimos sempre no 2 º sábado de cada mês, participamos e realizamos saraus na região. Seus membros visitam as escolas, fazem palestras também nas Feiras de Livro. E o que é muito importante é que a Academia é conhecida e respeitada na região. Os meios de comunicação, jornais e rádios, divulgam nossos trabalhos. Acho que a Academia é um elo de união, de confraternização e proporciona o conhecimento e o congraçamento dos escritores da região. No entanto, nem todos os escritores de Osório não participam da Academia.
Alguns autores reclamam que escritores do interior não têm espaço na capital . O que a senhora pensa disso?
É uma realidade. Os escritores, salvo raras exceções, não têm espaço na capital. Já é difícil serem reconhecidos em sua própria cidade e região. Na capital, então, nem pensar.
O município de Osório tem se notabilizado por investir em eventos literários. Valoriza o escritor local? De que forma?
É verdade nos últimos anos tem havido muitos eventos culturais em Osório. Os escritores são muito valorizados pelo Poder Público Municipal através das Secretarias de Cultura e Educação. Em 2007, a prefeitura municipal comprou 500 (quinhentos) livros da cada escritor que lançou livros naquele ano, e em 2008 também. Temos espaço no Espaço Cultural Conceição, no bar Café Com Letras, nas livrarias locais, nos restaurantes, nas casas comerciais, onde quisermos colocar nossos livros. A Academia está presente nos eventos culturais. Agora temos o bar Café Com Letras,que realiza um sarau a cada mês muito concorrido. Os escritores são convidados pelas escolas para fazerem palestras.Tem um membro da Academia, o poeta Delalves, que edita a revista “Dois pontos” com artigos literários, educacionais e culturais.Esta Revista é distribuída gratuitamente em Osório e na região.
A senhora foi homenageada na mais recente Feira do Livro de Osório, qual a sua opinião sobre a Feira?
Sim, fui homenageada na mais recente Feira do Livro de Osório. Fiquei muito honrada e feliz. Antes já fui homenageada da Sesmaria da poesia estudantil-quadra 09. Meus poemas foram trabalhados pelos alunos nas escolas e ilustrados com desenhos, os quais foram colocados num painel. Quanto à Feira do Livro gostei muito, apesar de alguns equívocos.
Às vezes me parece que as Feiras têm se tornado cada vez mais uma festa cultural com muito teatro, música, palestras de jornalistas conhecidos e figurões e pouco espaço para a literatura, a crítica, a poesia? O que a senhora pensa disto?
Acho que todas as artes se interligam, mas concordo contigo que deveria haver mais espaço para a Literatura, a crítica e a poesia. Contudo, no interior se não trouxermos pessoas conhecidas na mídia e escritores famosos, não usarmos a música, o teatro, a dança para acrescentarmos à Feira, não há público. As pessoas não valorizam a literatura porque lêem muito pouco e esperam ansiosos a Feira como uma festa. Junto à Feira acontece a Semana da Leitura organizada pelas escolas municipais que é a culminância de um projeto realizado durante o ano chamado “ aluno leitor “. Pela manhã as atividades são direcionadas às crianças, como contação de histórias,peças teatrais,oficinas variadas de ilustração de poemas com desenhos, pinturas etc. Uma coisa que gostei muito foi que desde o ano passado os patronos , os homenageados, o xerife são pessoas da comunidade ligadas à literatura e à cultura e ficam presentes todos os dias na Feira e podem fazer um trabalho nas escolas em preparação à Feira. Um representante da diretoria da Academia participa da comissão da organização das Feiras de Osório.
Qual é sua opinião sobre o futuro do livro e da literatura?
Acho que a literatura vai muito bem. Com a era do computador e da internet os professores podem usar estas ferramentas para tornar suas aulas mais atraentes. A apesar de que em nosso país haja poucos leitores de literatura (se lê muito livros de auto ajuda) cada vez mais estão surgindo novos escritores e escritores jovens, Associações Literárias, jornais e revistas literárias. Quanto ao livro acho que o livro impresso nunca vai acabar. A internet com portais, sites , blogs, livros virtuais e vídeos são complementação do livro impresso. Quando surgiu a televisão diziam que o rádio ia acabar, no entanto continuamos cada vez mais ouvindo rádio. Com o surgimento do DVD achavam que o cinema ia acabar, mas as salas de cinema continuam lotadas. Estão surgindo muitos livretos, livros de bolso com preços mais acessíveis. Temos uma editora que publica estes pequenos livros com muitas tiragens. O livro impresso é prático, a gente carrega na bolsa e lê em qualquer lugar, no gabinete dentário, no consultório médico, no ônibus, nas bibliotecas, na fisioterapia,etc.
Para terminar, um artista gaúcho.
Na prosa, Moacyr Sclyer; na poesia, Mário Quintana; no teatro, Sandra Dani.
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