Muitos críticos e opinadores falam do músico, do artista de televisão e cinema, do fotógrafo, do artista plástico, de sua contribuição e da necessidade de se valorar seus trabalhos, de se propiciar uma indústria que desencadeie novas possibilidades, num espiral virtuoso de cultura e economia. E do escritor, seu papel na cadeia do crescimento, alguém fala? Alguém destrincha a importância do gerador primeiro de conteúdo artístico?
Pensava, originalmente, que devíamos entender os aspectos da economia da cultura, e justamente por ser esta novidade tão recente, não existiria um entendimento maior do que vinha sendo escrito sobre o assunto. Mas depois da leitura de um artigo publicado num forte jornal do estado do Rio Grande do Sul, a realidade mostrou que a discussão era maior e estava pendendo, na maioria das opiniões, entre preservar o que é seu e o que fora conquistado, e não permitir o acesso para o novo, ou seja, quem que havia se estabelecido mostrava dificuldades em se reinventar e, por consequência, evitava propor alternativas aos que ingressavam ou que buscavam caminhos alternativos. O mercado, por seu turno e em boa porção, preferia garantir e promover o amadorismo do artista, dificultando o cenário, como forma de manter escritores cada vez mais submissos e baratos.
Seria então o velho corporativismo, tão comum em categorias de profissionais e de trabalhadores das mais diversas, a reproduzir-se na arte? Seria o sistema estabelecido no Brasil, de subvalorização do direito de autor, da depreciação do criativo, do combate à pirataria somente em defesa dos grandes produtos, o guia dos maiores investimentos e políticas culturais para o escritor?
Ao dar pela sutileza do debate, acalmei-me. Estamos, afinal, no país das sutilezas, onde, por tradição, nunca se diz exatamente o que se pensa, e quando se diz, deve-se ter a delicadeza de não ser explícito, jamais devemos apontar realmente o verdadeiro objetivo do que dizemos. Sim, é traço cultural a discrição de ideias, e, ao explícito, ao francamente aberto, resta como alvo para artilharia inimiga – e muitas vezes amiga. Para o artista no Brasil, portanto, o melhor é o sussuro, esse deve dizer não dizendo, inovar sem alardes, despreocupado com coisas “tão mundanas” como sobreviver, o que importa, ao cabo e de resto, é o desenvolvimento da arte, isso basta.
Ao dar-me conta do detalhe, minha a frustração esvaiu-se tão rápida como começara, pena que a alegria durou pouco. Recentemente, ao encontrar novas e desbaratadas opiniões em constrangedores mutismos sobre as possibilidades do livro no novo ambiente digital e o futuro dos direitos autorais frente à pirataria, percebi que na realidade a confusão havia se agravado diante das novas possibilidades do livro. Mas fica para um outro artigo, por enquanto, por regra de ofício, resta relatar minha surpresa sobre o que se esconde nas entrelinhas de quem arrisca opiniões sobre os rumos do livro. Se é que há algum.
Meu amigo estamos entrando, não no olho do furação, estamos nas bordas. Isso ainda vai render muito. suas apiniões farão parte disso e nos esclarecerão e informarão ajudando-nos a entender para onde estamos indo. abraços. jb lima
José B.Santos Lima, Saõ Loureço-mg 13/03/2011 - 05:54
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