Dentre as coisas mais misteriosas e encantadoras do mundo certamente está o mar. E quem o visita, pela primeira vez, pode ter uma experiência inesquecível. Principalmente, se for na infância.
LEE, Suzy.Onda. Ilustrações da autora. São Paulo, Cosac Naify, 2008. 40p.
A menina chega à praia correndo, a mãe vem logo atrás, protegida por um guarda-sol. Parece que essa é a primeira vez que ela vê o mar. Um bando de gaivotas espia a menina espiar o mar. Ela foge das ondas; ela ameaça o mar roncador que a ameaça; ela entra, pula, salta, espalha água para todos os lados. Todos os seus movimentos são replicados pelas gaivotas. Até que uma onda maior eleva-se assustadora, e vem rolando, já acrescida de outra e outra. A menina foge, os pássaros fogem. Ela provoca, faz careta, como se dissesse “você não me pega!”. O mar, então explode. Joga-a na areia, mas, com pena e talvez para aliviar o susto, brinda-a com muitas conchas, caramujos, estrelas-do-mar, dos mais variados tamanhos. Então, num pacto de amizade, menina e mar brincam, brincam, brincam e...
O livro é simplesmente lindo! Exatamente isso! A beleza na simplicidade. O mar já é belo demais para necessitar de outros acessórios. A situação é simples, cotidiana, corriqueira, e ainda assim cheia de ternura e de poesia. E mais mágico ainda fica se pensarmos que o livro atinge esse tom poético sem utilizar uma palavra sequer! Isso mesmo! É um livro de imagens, um livro sem texto. Destes feitos pra gente acompanhar a história pela sequência das páginas ilustradas, mas podendo inventar o texto que quiser! Um livro como esse oferece muitas maneiras de contar a mesma história. E dá chance para todos os leitores. É um livro sem idade!
O formato retangular amplia ainda mais a noção de linha do mar, beira d’água, aquela coisa imensa, que vai dar lá longe. E o uso das cores aumenta a beleza. A autora-ilustradora trabalha apenas com preto, branco e azul. Pronto! É o suficiente! Um traço meio inacabado, de desenho feito a carvão, um uso magnífico do espaço, das expressões da menina, das tonalidades, dos cinzas, das aguadas, das borbulhas do branco, e está feita a festa!
Por fim, fica uma gostosa sensação de liberdade, de alegria, de retrato feliz da infância; dá um prazer e uma vontade louca de mergulhar também nesse mar, de imitar a menina! Ainda que literariamente!
Suzy Lee é da Coréia do Sul, já expôs em Bolonha, ganhou prêmio na Suíça e tem distinção em Londres. Esse livro ganhou aqui o prêmio de Melhor Livro de Imagem, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e faz parte de uma trilogia. Ainda vêm por aí “Espelho” e “Sombra”. Já ficamos esperando com aplausos!
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