Às vezes, eu fico pensando o que passa na cabeça das pessoas (pais, professores e alunos) ao concluírem que a sala é um local de diversão! Sala de aula é sala de aula e ponto final. De uns tempos para cá há uma marcha louca, com bandeiras na mão, numa luta contra o "tradicional". Uma aversão ao passado, mas de forma tão radical que chega a dar medo! Dar as costas ao passado é a mesma coisa que rasgar velhos e bons costumes.
Sou do tempo em que a professora lecionava, dava aula, fazia a chamada e ensinava. Hoje, salvo a algumas (graças a Deus) exceções, há professores que fazem malabarismos para chamarem a atenção de seus alunos.
Acordem!
Óbvio que não podemos usar de repressões físicas e verbais do passado, que ridicularizam e humilham os nossos educandos, mas lugar de malabarismo é no circo!
Voltemos a ser professores!
Não há dúvida que com a globalização, a internet, os celulares, etc., a nossa disputa está prejudicada, mas pensem: não deve ser uma disputa de quem chama mais a atenção do aluno, o que existe é a sala de aula, a escola!Estamos, nós professores, numa escola, num local mágico e de aprendizagem. Como sermos melhores que a internet?
Simples, vamos ser professores!
Sabe aquela magia de ter alguém em nossa frente que nos hipnotiza, que nos envolve com os seus saberes?
Esta pessoa é o professor.
A internet deve ser a nossa aliada e não a nossa rival. Vamos sim fazer uso de novidades, de pesquisas na internet, de pesquisas em bibliotecas (muitas vezes já esquecidas) e em livros!Deixemos de lado um pouco as máquinas e voltemos a ser humanos... Pessoas que trocam informações, pessoas e não computadores. Está se perdendo na poeira o prazer de aprender com o próximo, dando lugar às aprendizagens eletrônicas. Voltemos às aulas de música, de artes, de canto, de conteúdos, de disciplina, de respeito, de vida.
O nosso melhor e maior bem é a vida.
O nosso legado para a sociedade são as vidas munidas de saberes humano.
Portanto, chega de aula-circo! Voltemos às "aulas-aulas"!
Sala de aula nunca foi igual a baile. Vamos entrar num acordo:a sala de aula pode e deve ser um lugar harmonioso, feliz e rico em aprendizagens. Trazer para dentro da sala de aula algumas novidades, materiais enriquecedores da prática pedagógica é uma coisa, mas fazer do local de ensino uma festa louca é outra coisa, além de perigoso hoje em dia, pois há alunos que a sua vida fora da escola já é uma farra constante, vindo para a escola sem nenhuma noção de comportamento, de respeito e de postura para o "aprender".
Valores também se ensinam nas escolas.
O educando deve perceber a diferença entre escola e rua.O respeito às escolas está "saindo de moda" muitas vezes por "culpa" do professor que resolveu ser legal com a turma, ser amigo, ser parceiro, etc. e não ser o professor. Por fim, deixo aqui o meu protesto contra as escolas-circo e os meus parabéns aos professores e pais que ainda acreditam num futuro melhor para as suas crianças e jovens através de uma educação pautada na aprendizagem sem medo em estar ligada aos valores do passado, que são fontes de riqueza neste presente e que será a salvação do futuro.
25/09/2013
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Comentários:
olá Cláudia, maravilha de artigo, lendo o texto pude me lembrar de quando era um adolescente, do tempo em que estudei em uma escola pública na cidade de São Vicente/SP no tempo em que o respeito era por conta de todos na sala de aula, tanto alunos como professores, depois vim para o sul e tive o privilégio de concluir o ensino médio em Esteio, em uma escola maravilhosa pública também, Jose Loureiro da Silva. Lá também fui respeitado e tive que respeitar e aprendi coisas muito importantes que trago em minha vida até hoje. O tempo em que as aulas não eram espetáculos circenses. Hoje estudo para ser professor de História e o meu maior desejo é fazer a minha parte um dia, para que não aconteça em minhas aulas esse tipo de coisa... um grande abraço... Kleber Jose Goularte Martins, Rodeio Bonito/RS17/10/2013 - 11:30
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Cláudia de Villar
Cláudia Oliveira de Villar é natural de Porto Alegre/RS e atua desde 2000 como professora de séries iniciais do ensino fundamental em escola pública estadual. Possui doze livros publicados, sendo dez para o público infanto-juvenil e dois para adultos: Eu também... (Alcance, 2005, infantil), Bola, sacola e escola (Manas, 2009, infantil), Zé Trelelé no Gre-Nal (Manas, 2010, infantil), Uma foca na Copa (Manas, 2010, infantil), Meu Primeiro Amor (Manas, 2011, infantil), Aprendendo a viver e ensinando a sonhar (Manas, 2012, adulto), Rambo, um peixe no fandango (Manas, 2013, infantojuvenil), Mano e a boneca de pano (Manas, 2013, infanto-juvenil, O Mistério do Vento Negro, volumes I e II(Imprensa Livre, 2014-2015, juvenil), Um Continho de Natal(Metamorfose, 2016) e o lançamento de 2018: Histórias para ler no Intervalo ( Metamorfose, 2018). Participou de três antologias, Brasil Poeta (Alcance, 2005), Casa do Poeta Rio-Grandense (Alcance, 2005) e Mercopoema (Alcance, 2005) e uma coletânea de contos, Metamorfoses (Metamorfose, 2016). Além do curso de Magistério, Cláudia é graduada em Letras, especialista em Pedagogia Gestora e Supervisão Escolar. Atua no meio educacional também como mediadora de leitura e, como jornalista colaboradora, a escritora é colunista do Jornal de Viamão/RS, bem como escreve para o portal Artistas Gaúchos, Homo Literatus e Almanaque Literário.
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