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Livro: um corpo sem alma
Cláudia de Villar

Há a celebre citação que diz: “A propaganda é a alma do negócio” e, indiscutivelmente, sabemos que essa é uma frase de respeito. Sendo a propaganda realizada na mídia eletrônica, impressa ou em qualquer outro meio comercial já suaviza muito a expectativa de comercialização do objeto a ser vendido, o que deixa o interessado em comercializaralgo mais calmo frente à venda do que quer que seja. Afinal, a visão repetitiva de uma mensagem incute no comprador em potencial a necessidade de se obter tal coisa.

Vemos roupas, materiais eletrônicos, móveis, alimentação, entre outros tantos objetos e até pessoas sendo oferecidos à população de todas as formas. E todos esses “corpos” materiais e humanos ganham uma alma que brilha diante dos olhos ávidos pelos consumidores. Vende-se tudo! Desde o carro do ano até o picolé recheado de calorias. Os consumidores estão aí, aflitos para que suas necessidades consumistas sejam saciadas.

 A televisão, sem dúvida alguma, é o veículo que tem o maior alcance nos corações e bolsos dos indivíduos. E, dessa forma, os donos de marcas e produtos investem tudo ou quase tudo que podem nesse veículo de venda. E vendem muito, diga-se de passagem. As pessoas gostam da sensação visual que os produtos que estão sendo comercializados proporcionam. Aliadas a um bom texto, as imagens causam um impacto fulminante no consumidor que dorme sonhando com objeto. A uniãodessa propaganda visual e, apelativa verbalmente, com a sua aparição repetitiva nos meios televisivos causa uma reação bombástica no índice de venda dos produtos.

Embora haja concorrência em relação à venda de um mesmo objeto, os comerciantes e donos de marcas e produtos não têm muito do que se queixar, pois a venda é praticamente garantida após a aparição sistemática e beirando a chatice repetitiva nos intervalos comerciais. Ocorre a magia da reencarnação do objeto. Ele aparece e reaparece com um corpo e uma alma.

Eis aí o problema. Ou melhor, dizendo, um grande problema. Para tudo há propagando, desde para uma caixa de palitos de dentes, passando para cantores novatos até para mulheres frutas e, corrigindo a frase digitada, não há propaganda para tudo. Quando podemos ver uma propaganda de um livro? Livraria? Lançamentos de obras literárias na tv? Portanto, se a propaganda é a alma do negócio, podemos concluir que o livro é um corpo sem alma!

Raramente, fora a época da “volta às aulas”, ao qual mais aparecem os cadernos, pastas, lápis e outros materiais escolares, praticamente não se vê a propaganda dos livros ou qualquer forma ligada à literatura! E, para piorar, ao entrarmos nas livrarias, percebemos que bem em frente, como destaque temos os livros internacionais, pois eles têm melhor divulgação entre os leitores!

Cadê os divulgadores da literatura brasileira? Em alguns momentos entre outubro e novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre? Durante algumas outras feiras em alguma outra cidade? Somente isso? E, quando esses eventos acontecem, a propaganda se dá de forma tímida, não aparece no horário nobre, durante a novela de sucesso e nem em grande destaque em jornais ou rádios. Raras são as exceções! Infelizmente, há pouca propaganda e a população necessita desse instrumento para adquirir um produto. O que não é visto não é lembrado, não assim?

Portanto, há que se repensar o alcance da literatura em nossos lares por meio da propaganda. Embora o “boca a boca” faça efeito, nada é mais envolvente, nada conquista mais do que uma bela imagem aliada a um bom texto (apelativo, diga-se de passagem)aparecendo várias vezes diante dos olhos inquietos dos consumidores.

Mas a quem interessa vender livros? Livrarias não investem em mídia televisiva. Feiras de Livros pouco fazem essa divulgação, acontecem, muitas vezes, quase como uma obrigação diante de um calendário de programas governamentais e o governo... Bem, existe no governo o interesse que se propague a ideia de ler e pensar?

Por fim, o livro continua sendo um corpo sem alma e poucas são as pessoas querem ter em casa um “defunto”. Ou querem? Quem quer? Você?


05/01/2015

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  Cláudia de Villar

Cláudia Oliveira de Villar é natural de Porto Alegre/RS e atua desde 2000 como professora de séries iniciais do ensino fundamental em escola pública estadual. Possui doze livros publicados, sendo dez para o público infanto-juvenil e dois para adultos: Eu também... (Alcance, 2005, infantil), Bola, sacola e escola (Manas, 2009, infantil), Zé Trelelé no Gre-Nal (Manas, 2010, infantil), Uma foca na Copa (Manas, 2010, infantil), Meu Primeiro Amor (Manas, 2011, infantil), Aprendendo a viver e ensinando a sonhar (Manas, 2012, adulto), Rambo, um peixe no fandango (Manas, 2013, infantojuvenil), Mano e a boneca de pano (Manas, 2013, infanto-juvenil, O Mistério do Vento Negro, volumes I e II(Imprensa Livre, 2014-2015, juvenil), Um Continho de Natal(Metamorfose, 2016) e o lançamento de 2018: Histórias para ler no Intervalo ( Metamorfose, 2018). Participou de três antologias, Brasil Poeta (Alcance, 2005), Casa do Poeta Rio-Grandense (Alcance, 2005) e Mercopoema (Alcance, 2005) e uma coletânea de contos, Metamorfoses (Metamorfose, 2016). Além do curso de Magistério, Cláudia é graduada em Letras, especialista em Pedagogia Gestora e Supervisão Escolar. Atua no meio educacional também como mediadora de leitura e, como jornalista colaboradora, a escritora é colunista do Jornal de Viamão/RS, bem como escreve para o portal Artistas Gaúchos, Homo Literatus e Almanaque Literário.

claudiadevillar@yahoo.com.br
www.claudiadevillar.com.br
www.facebook.com/claudia.devillar


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