COELHO, Ronaldo Simões.Bichos. Desenhos de Angela Lago. Belo Horizonte, Ed. Aletria, 2009. 48p.
Os seres pequeninos, muitas vezes encantam-nos pela delicadeza. Um bater de asas, um piado inesperado, uma cor indefinível. Seja lá qual for o motivo da atração, a poesia que brota daí, é capaz de infundir no leitor o desejo das coisas diminutas, cheias de significados, cheias de explosão!
Pois então! Neste livro de poemas o universo é o da pequena natureza: minhoca, aranha, formigas, borboletas, caramujos, gafanhoto, besouro, tiú, galinha, abelha, beija-flor, morcego, caxinguelê, tico-tico, mariposa, sapos, pererecas, tatu, pica-pau, lagartixa e grilos. São esses os seres que povoam este livro. Ah, tem ainda as jabuticabeiras, convertidas em ser sonoro, quando as jabuticabas perfumadas recebem a visita dos pássaros.
É por essa natureza quase em miniatura, que passeiam os olhos do poeta. Para olhar de um outro jeito, jeito especial - o jeito da minúcia -, a poesia escondida no detalhe, no movimento, no olhar novo. A poesia, então, depende muito do olhar de quem olha! É sua maneira de “fotografar” o instante que converte esse instante em coisa bonita para se ficar remoendo na memória e chacoalhando como guiso de palavras. Aí, nasce o poema. Ou ele já nasce antes, lá no primeiro olhar? E fica sendo “engravidado”, até nascer em palavras?
No mundo dessas pequenas criaturas, reunidas no livro de Ronaldo Simões Coelho, a delicadeza é o elemento mais importante. E essa beleza frágil atinge o seu máximo no poema da aranha, quando o “eu” do poeta diz: “Eu vi uma aranha/Admirando/O pano de mesa/Feito de crochê/Por minha avó.// Minha avó/Tinha contado/Ter aprendido/A bordar com as aranhas.//Eu era tão bobo/Que não acreditei,//Agora eu sei”.
Mas, a poesia é também o exercício de dizer muito com pouco, como no poema da borboleta: “As borboletas/Enfeitam/O dia/Como se fossem/Flores Voadoras”.
Mas se a poesia é jogo de palavra, é ritmo e concretização através da subversão dos sentidos, também é lugar para o humor, como no poema: “O pica-pau/É muito imponente,/Elegante/E corajoso./Se põe em frente/Da árvore gigante/E faz cócegas nela”.
Nenhum poema tem título, nenhuma página tem número, mas tudo parece extremamente ligado e rebordado pelas ilustrações de Angela Lago. Os desenhos exploram o pincel digital do computador. São trabalhados com riscos, pinceladas, manchas, borrões de modo a produzirem mesmo essa sensação de coisa feita quase que por uma bordadeira, na ponta da agulha, com a destreza de quem maneja linhas e pontos durante toda uma vida!
Os dois, Ronaldo e Angela já foram parceiros em outros livros e agora, assinam mais esse, que já acumula prêmios (FNLIJ, FBN, Prefeitura de BH). Agora, mais esse, que em tons pastéis, brinca com as cores matinais e crepusculares de um olhar inchado de poesia.
Prezado Celso: lindo o seu texto, tao poetico e delicado. Fiz copias para filhos, amigos e para a Angela. Obrigado. um abraço. Ronaldo.
ronaldo simoes coelho, belo horizonte mg 20/07/2011 - 09:20
Querido Celso:
Esteja bem, nós com saudade, com um baú de lembranças agradáveis.
Bela resenha dos Versos Bordados água limpa nas corredeiras do dia-a-dia.
Ab., Cláudio
cláudio brasil, porto alegre rs 27/04/2011 - 20:36
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