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Revisão crítica, para que revisão crítica?
Léo Ustárroz

Em mais algumas poucas semanas — não precisava escrever “poucas”, mas eu preferi escrever — terei concluído o desenvolvimento de minha primeira narrativa longa. Sim, narrativa longa, e já digo que não sei se é romance ou novela, para os amigos é romance, para a teoria da literatura acho que é novela. Para mim não faz diferença alguma.
 
No ponto em que estou, antes mesmo deste ponto, talvez há muito tempo, tenho pensado em como avaliar essa produção. Já sei que existe um modo padronizado para avaliar a produção textual, mas, sinceramente, nos dias que vivemos, o que menos precisamos são padrões na literatura. A época da produção em série, de bens, de gente, de tudo, passou, de padronização do consumo e da forma não atende mais a diversidade de nosso mundo plural. Quanta riqueza literária foi perdida em mãos de revisores, que desclassificaram textos narrativos por inadequação à forma da produção comercial. Por isso, passo longe, também porque não estou à procura de sucesso comercial.
 
Mas tenho me perguntado sobre como avaliar essa produção à luz da minha motivação — ou objetivos — para escrever. E minha motivação é me compartilhar, na expectativa que haja um público — mínimo que seja — que tenha algum interesse e proveito com a leitura de meus textos.
 
Por isso, tenho olhado com um azedume cada vez maior para a revisão que risca uma palavra e põe outra em seu lugar — quando eu escolhi aquela propositalmente —, que corta parágrafos inteiros — fui repetitivo, fui prolixo, conscientemente, assim sou —, que questiona a maneira de escrever, as figuras, o tipo de narrador — esse é meu estilo, esse sou eu —, enfim, com a revisão que, à guisa de corrigir minhas limitações, me limita. 
 
Então monto a seguinte estratégia:
 
Etapa 1 - Submeto meu texto a alguém experiente que responda apenas se isto tem chance de ser publicável ou não há como salvá-lo do lixo.
 
Etapa 2 - Se publicável, vamos à procura de um leitor qualificado que possa dar um feed back amador sobre os sentimentos e efeitos que cada capítulo lhe causou, o que o tocou mais, o menos, o insonso, o denso, o enfadonho.
 
Etapa 3 - Nos limites de minha capacidade de melhorar o texto, faço isso.
 
Etapa 4 – Passo então à revisão externa da digitação, ortografia, pontuação, concordância, e não muito mais do que isso.
 
Etapa 5 – Suportar a pressão do editor para mais mudanças, convencendo-o que esse é o texto, alterado seria outro texto.
 
Se a editora aceitar, ótimo, até serei generoso e incorporo algumas sugestões, mas se, ao final, o editor me disser que a verdade é que eu não quero saber a verdade sobre meu texto, aí a coisa fica feia. E o que é pior, fica feia para mim.  

13/06/2016

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Comentários:

Estou gostando dos comentários! Vamos endurecer com os revisores, e vender caro as alterações que queiram em nossos textos.
Léo Ustárroz, Porto Alegre/RS 15/06/2016 - 08:58
A revisão é para mim uma questão difícil. Não tenho a tua firmeza diante dela, e gostaria de ter. Como não sei qual o limite entre estilo e obstáculos a uma leitura melhor do texto, tenho tendência a aceitar a revisão. Tenho consciência de que aceitei até agora por insegurança e não conseguir bancar minha versão. Valeu ler tua posição, ajudou-me olhar de outro jeito as próximas revisões.
maria rosa fontebasso, Porto Alegre RS 14/06/2016 - 20:34
Então, quando o texto é refutado pela editora por que o escritor acredita nele e a editora - comercialmente falando - não acredita, jogamos no lixo? Não. Em última análise, sem questionar o bem ou mau dito, eu faria uma publicação por conta, sem editora, para saborear meu trabalho, mesmo que em uma tiragem pequena, com o intuito de satisfação pessoal. Claro, ai vai depender do poder econômico de quem se aventura.
Marcos de Andrade, Passo Fundo 14/06/2016 - 15:55

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  Léo Ustárroz

Léo Ustárroz nasceu em 1952, natural de Bagé-RS. Com formação em Engenharia Química pela UFRGS e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUCRS, é empresário, bloguista, e contribui como articulista em jornais locais e sítios eletrônicos. Autor dos romances SALA DE EMBARQUE (2016) e RESGATE EM PAMPLONA (2018), pela Editora Metamorfose.

leoustarroz@jus.adv.br
leoustarroz.blogspot.com


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