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Literatura

Machado de Assis
Tomaz Fantin de Souza

Esses dias concluí a leitura de Iaiá Garcia, o último da chamada fase romântica de Machado de Assis.

Era o livro que me faltava para fechar todos os romances do Bruxo do Cosme Velho: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá, Casa Velha, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.

Tá bom, tá bom, vá lá: o Alienista. Às vezes não o incluo nos romances porque sou um grande fã da categoria chamada de novelas, longo demais para ser um conto e curto demais para ser um romance. Um híbrido, tipo a minha bicicleta.

É bem bom ler Machado de Assis. Todos os romances, todos os contos, a novela, os poemas, as crônicas e até as críticas literárias.

Iaiá Garcia, por exemplo, pertence à fase menos festejada do autor e para mim já poderia estar no Olimpo da literatura Universal. Os textos românticos do carioca ainda não têm a acidez corrosiva da fase realista, mas proporcionam viagens muito reais ao Rio de Janeiro do século XIX.

E não são nada ingênuos.

A ideia de concluir a leitura de todos os romances do criador da Academia Brasileira de Letras me passou pela cabeça em 2016 como uma tentativa de fuga mental daquela onda reacionária que o mundo entrava e que ainda não passou. Não é à toa que estamos, proporcionalmente, numa das fases com menos leitores de livros da História.

E nessa travessia Machado já me aprontou muito das suas coisas de Bruxo. Certo dia ao ler Esaú e Jacó eu fechei o livro e pensei:

- Mas que história enrolada!

Quando voltei para a leitura o parágrafo começava assim "Que enrosco! Deve estar o leitor pensando desta história". O cara tava conversando comigo cem anos depois de morto.

Noutra ocasião, um dia lindo de primavera, após um capítulo genial de Quincas Borba eu pensei:

- A vida é boa.

Fechei o livro e fui fazer um mate. Nisso me bateu a curiosidade sobre o que tinha de documentários sobre Machado de Assis no Youtube e lá estava: Machado de Assis, a vida é boa.

Para mim o Bruxo do Cosme Velho é o maior romancista do mundo de todos os tempos e olha que eu gosto ainda mais dele como contista, vale cada linha, cada ironia fina, cada pulga que coloca atrás da nossa orelha a cada novo capítulo.

Ler Machado de Assis é uma das coisas que podem ajudar a fazer uma vida melhor.


03/02/2025

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  Tomaz Fantin de Souza

Tomaz Fantin é engenheiro mecânico e professor do Instituto Federal Sul-rio-grandense. Natural de Vacaria na Serra Gaúcha, mora em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre. Entre números e letras, em 2020 publicou “Uma Passagem para Bratislava” e, em 2022, o livro de contos “Pássaros me Faziam Chorar”. É cronista dos sites Artistas Gaúchos e Escrita Criativa e já participou de coletâneas de contos e poesias.

tomazfs@yahoo.com.br


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