A literatura é uma das expressões mais profundas e poderosas da sociedade brasileira, e o dia da nossa literatura é comemorado em 1º de maio (que também é o "Dia do Trabalhador") em homenagem ao nascimento de José de Alencar, um dos maiores nomes do romantismo brasileiro. Dia de celebrar e valorizar autores nacionais, clássicos e contemporâneos, e refletir sobre história, cultura e jeitinho brasileiros estampados em incontáveis páginas de um acervo tão plural, que preserva no tempo e no espaço a nossa identidade.
Abaixo uma pequena lista de obras para abrir os trabalhos nos clássicos brasileiros.
A viuvinha, de José de Alencar
Leitura fluida, mas caótica e romântica. Romance urbano que expõe a vida na corte burguesa carioca durante o Segundo Reinado do Império do Brasil — ideal do amor romântico, valores e moral católicos se entrelaçam com questões materiais, sociais e polÃticas associadas ao realismo. Acompanhamos a história de amor entre Jorge e Carolina, marcada por idealização e sofrimento: o noivo apaixonado não soube administrar bem sua fortuna; falido e envergonhado decide simular o próprio suicÃdio na noite de núpcias, fugindo para Europa no intuito de se reerguer e mostrar-se digno do amor de Carolina. Enquanto isso, sem saber da verdade, Carolina se mantém no papel de viúva. Qual das duas correntes irá prevalecer no final, romantismo ou realismo?
O Alienista, de Machado de Assis
Traiu ou não traiu vai ficar para depois. Para hoje, doses de humor e ironia com a novela "O Alienista" (termo para psiquiatra na época), obra da fase realista de Machado. Uma sátira ao cientificismo, o livro nos mostra a história de Dr. Bacamarte, que cria a chamada "Casa Verde" para fazer estudos sobre a mente humana, mas as coisas acabam fugindo um pouco do controle E pensando psicanaliticamente, "ao falarmos dos outros, revelamos muito sobre nós mesmos". Leitura fluida, divertida e reflexiva para adentrar o mundo do ilustre Joaquim Maria Machado de Assis.
A hora da estrela, de Clarice Lispector
"Mas todo dia, amiga, você tá mal?". Quem utiliza o Tiktok já deve ter escutado essa frase, e por má sorte ou destino a vida da nossa protagonista, Macabéa, é bem assim. De Alagoas ao Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor, a datilografia é a única opção, e o espÃrito sonhador e ingênuo da migrante nordestina não é favorável aos valores e à cultura da cidade maravilhosa. Para nosso irreverente narrador-escritor fictÃcio, Rodrigo S.M, a história de Macabéa não vale a pena ser contada, mas a conta-escreve mesmo assim, num entrelaçamento de seu próprio interior com o da protagonista. Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil, mas inconsistente em seu descontento com a vida, com a falta de pertencimento e com a busca por sua identidade. O que as cartas de Madame Carlota dirão sobre o futuro da nossa datilógrafa?
Quarto de despejo: Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus
Romance autobiográfico da mãe, moradora da favela e catadora de papel Carolina Maria de Jesus. Entre oralidade e uma linguagem de caráter mais literário, acompanhamos a autora-protagonista em seu dia a dia na antiga Favela do Canindé, agora Marginal Tietê, e o relato sobre as vivências dos habitantes — sofrimentos e angústias, a fome diária. Sem papel, sem comida. Audálio Dantas, jornalista e editor responsável por dar voz aos diários de Carolina, relatou que "apesar de ser uma mulher extremamente pobre e simples, demonstrava uma grande lucidez crÃtica".
Poemas escolhidos, Gregório de Matos
Aqui uma indicação um pouco mais inusitada, talvez não tão fácil para um começo, mas igualmente satisfatória — linguagem satÃrica e sem pudores direto da "Boca do Inferno". Gregório de Matos, da poesia lÃrica a erótica, passando pelo sacro e satÃrico, foi um dos maiores poetas barrocos em Portugal e no Brasil, multifacetado, é conhecido por abordar temas variados, sempre atravessados por uma crÃtica social (o homem não poupava ninguém). "O Poeta Descreve O Que Era Naquele Tempo A Cidade Da Bahia", "A Jesus Cristo Nosso Senhor" e "A Uma Dama" são alguns dos poemas mais conhecidos do autor.
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