Lendo um post mais recente, ao menos para mim, sobre o Otimista com a internet, eu?, de Sérgio Rodrigues, publicado na coluna Todoprosa, da Veja online, pensei em apresentar algumas conclusões, de forma rápida, sobre o que venho apontando sobre o assunto. Conclusões que coloquei no último encontro da AGES, Associação Gaúcha de Escritores, aqui em Porto Alegre, e, ao que me pareceu, foi bem recebida, mesmo na brevidade que o espaço permitiu.
Pois sobre a internet, e em especial a formação do novo leitor, tema alvo de um dos debates que contaram com a jornalista da Zero Hora, Claudia Laitano, a psicanalista e autora Diana Corso, os escritores Caio Ritter, Rafael Bán Jacobsen, Armindo Trevisan, Paulo Wainberg, entre outros, falei que o que é preciso ser compreendido é que no meio digital em rede, o tempo e o espaço para a leitura é o que estão derradeiramente em jogo. Hoje, se disputa o olhar, e ler um livro em papel por mais de um minuto, pode não ser interessante para quem precisa de uma leitura de segundos para atrair o leitor para seu produto, seja este qual for.
Se alguém perguntar aos participantes do evento –, nem todos talvez se lembrem, mas pontuei brevemente sobre a importância de entendermos o desenho, para depois pensarmos em análises. Tal como na política, a cultura, e no nosso caso a leitura, é um campo em permanente disputa, em maior ou menor intensidade, prevalecendo a hegemonização de alguma corrente ou grupo em disputa com os demais.
Não falo aqui de política partidária, pois podem me tomar por alguém falando em nome das correntes internas do PT, em absoluto, falo é da realidade da internet, um campo tecnologicamente, conceitualmente e juridicamente em aberto e que segue ainda abrindo em direção incerta. E é nesse ponto que encontramos a resposta para os pessimistas com algum alento aos otimistas: a internet, se garantidos seus preceitos de neutralidade e livre acessibilidade, por ser um instrumento proporcionador de novos agentes, produtores de conteúdo e também consumidores, ou melhor, leitores, é um elemento infraestrutural em definição que por sua vez irá definir o futuro da leitura e da literatura.
Vou, porém, um pouco mais longe, afinal, a infraestrutura amarrada está no caldo da indústria cultural, e para encontrarmos uma resposta aos amigos literatos sobre os rumos da literatura, melhor caminho não há do que entendermos os rumos da indústria cultural, essa, que agora passou a absorver também a educação (inclua nisso o aumento crescente de ensinos a distância e interatividades educativas jamais sonhadas), as mídias, o turismo e a tecnologia da informação.
Enfim, assim como Paulo Coelho não é Borges, e Borges sempre será Borges, a geração TV começa a ceder terreno para a geração Games+MSN. Que, pela interatividade dessa nova geração, não permitirá ver “barrada” sua vontade de participar. É possível crer que essa batalha esteja somente começando e que certamente durará por mais algumas gerações, portanto, não nos precipitemos.
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