MONT’ALVERNE, Rosana. Meu pai é uma figura. Ilustrações de Mauricio Manzo. Belo Horizonte, Aletria Editora, 2011. 40p.
Esse é um livro pra lá de contente! E quando ele termina, a gente sente pena que não tenha mais coisas! É porque fica aquele meio-sorriso no canto da boca e uma fagulha de contenteza brilhando nos olhos.
Não chega a ser uma história. Poderia ser um poema! Uma canção, talvez. Uma descrição bem humorada de alguém que a gente ama! Esse sim é um ponto importante neste livro: uma visão de alguém muito cativante, visto pelos olhos da admiração e do amor!
Então, o sujeito em questão é o pai do narrador, que tanto pode ser a voz de um menino, como de uma menina. E essa voz vai descrevendo o pai, como ele se comporta, o que ele faz. E tudo gira em torno do fato dele ser diferente, fazer coisas engraçadas, inesperadas, se relacionar com o mundo de uma forma criativa.
Eis aí outro ponto importante deste texto: a criatividade! Este homem, que é um pai especial e diferente, aproxima-se do universo infantil porque conserva um certo bom-humor e uma alegria, quando visto pelos olhos desse narrador (ou narradora!). A construção desse pai é transpassada por uma visão onírica, fantasiosa, de brinquedo e revela um sujeito de bem com a vida! É a visão do afeto que mais importa. Sim, porque é esse afeto que faz o narrador descrever o pai de forma tão única! Pois então: esse pai é tão só seu, porque faz fantoches de meias velhas e bichos de origami; nunca usou terno; usa óculos de aros roxos, adora ver desenho animado na TV e ouvir futebol no rádio, dentre tantas outras coisas diferentes.
O livro tem um mote: a cada verso de cinco ou seis estrofes, aparece a frase “todo mundo diz: seu pai é uma figura!”. E é essa repetição que traz para o texto esse aspecto musical, lúdico, poemático. E tudo isso empresta ao texto um ritmo gostoso, para ler e para contar.
Por fim, a imaginação toma conta do texto e o narrador, com o auxílio da ilustração, mostra como o pai seria se ele fosse um professor, um pintor, um músico, um cantor, um artesão, um escritor, um inventor. E ele se multiplica em retratos divertidos.
Em última análise, é o padrão-comum que é questionado neste livro. O sucesso deste pai está garantido exatamente porque ele foge do padrão!
As ilustrações do ítalo-brasileiro Maurício Manzo exploram as cores quentes, os detalhes em branco (com silhuetas que se destacam), as colagens e os ângulos ampliados, inusitados, caricaturados. E os vazados, que no correr das páginas modificam o retrato do pai, reforçam a construção lúdica do livro. A capa vibrante e com predomínio do amarelo, torna o livro alegre e eufórico. Elementos, que certamente ajudarão o ilustrador e designer gráfico a conquistar outras menções, como os selos Altamente Recomendáveis da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e a participação no catálogo da Feira Infantil de Bolonha.
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