PRIETO, Heloisa. O livro dos pássaros mágicos. Ilustrações de Laurabeatriz. São Paulo, FTD, 2011. 82 p.
O maior presente da vida, segundo os apaixonados pelos pássaros, é a liberdade. E que beleza que é distinguir o canto de cada pássaro, conhecer seus hábitos e saber que seus símbolos vêm de tempos imemoriais. Muitas histórias estão aí para provar isso!
Pois esse livro nasceu da paixão e do respeito da autora, desde a infância, pelos pássaros. É uma antologia, com textos vindos de várias culturas. Neles, os pássaros, reias e também fantásticos são o centro das histórias. O livro é composto de 17 textos. E por isso, vamos ver revoarem em palavras, o íbis egípcio, o albatroz, o fênix, o pica-pau, a garça, patos e galinhas, melros, o pássaro azul, a águia, o pássaro do trovão, o pássaro iworo da tradição iorubá, o pássaro de fogo dos eslavos, o abutre, o rouxinol, o falcão e a andorinha. É um viveiro repleto de cantos, magias e cores para ninguém botar defeito!
Construído com a ideia de que o canto de um pássaro é presente da natureza, a autora nos brinda com poemas, contos, crenças, ensinamentos, verbetes, lendas, mitos e até mesmo história recolhida da tradição oral, narrada em família. Pelo livro veremos passar as culturas portuguesa, celta, greco-romana, brasileira, japonesa, siberiana, francesa, mexicana, africana, eslava, egípcia, indígena etc.
Do íbis egípcio do poema de Fernando Pessoa, o livro define albatroz e voa de encontro ao pássaro fênix, que anuncia o dia com seu canto sagrado para descrever, enfim, o ciclo da vida e de sua própria morte. Depois vem o pica-pau e a raiz destranca tudo; a garça-mulher japonesa, com o tecido maravilhoso e o preço da liberdade. Em seguida, um ensinamento sufi sobre patos e galinhas; a lenda do melro e o preço da ambição; o príncipe condenado a ser um pássaro azul por sete anos; Taliesin, a águia poeta da tradição celta. Aí a autora também nos oferece a explicação dos ojibwa, do norte do México, para o surgimento dos raios e trovões; mostra-nos como a Oxum, deusa das águas doces é transformada no pássaro iworo, para escapar de Xangô; encanta-nos com o pássaro de fogo do folclore eslavo, que rouba as maças de ouro do pomar do czar Vyslava até ser perseguido pelo herói Ivan. Então, vem a conversa dos abutres que ouvem e veem tudo, segundo os egípcios, para chegarem ao pássaro mítico Neh e o grande ensinamento: não há como escapar da consequência de seus atos! Com isso, o rouxinol, que traz na voz o som da flauta e do alaúde, deixa-nos saber de sua paixão pela rosa, que enfim, se revela escravidão. Mas aí, chegam o falcão imperial, que vira pássaro comum numa história da tradição sufi, as aves da arca de Noé e a andorinha mágica dos índios Caxinauá, que permite ver todos os antepassados quando leva alguém para uma viagem nos céus.
O livro, de liberdade, faz um apelo à paz. E isso fica ecoando na memória do leitor, como um melodioso canto de muitas vozes.
As ilustrações de Laurabeatriz alternam desenhos de página inteira com pequenas vinhetas coloridas. O aspecto bem cuidado do livro se completa com o uso dos “dourados”, a encadernação em capa-dura e o uso das capitulares que abrem cada história.
Premiadas e experientes as autoras do texto e das imagens fazem a festa neste belo livro! Com um importante acréscimo: o livro traz ainda a indicação da fonte das histórias recontadas, detalhe (muito necessário, diga-se!) que às vezes alguns autores omitem...
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