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FESTIPOA

Duas maneiras de conversar com um original
Augusto Machado Paim

Pedro Gonzaga esteve em mesa sobre tradução
Pedro Gonzaga esteve em mesa sobre tradução

Traduzir é impossível, disse o escritor e professor de literatura Donaldo Schüler na sexta-feira, dia 27 de março. A tradução, segundo ele, é um diálogo com o texto original e com o autor. E Donaldo sabe do que está falando: dialogou com James Joyce (e seu complicado Finnegans Wake) e Sófocles (com sua Antígona).

No dia seguinte, Donaldo Schüler não estava na conversa sobre tradução, na livraria Palavraria, mas estavam lá José Degrazia (tradutor de Pablo Neruda), Pedro Gonzaga (Mario Benedetti, Bukowski, Arthur Conan Doyle, Agatha Christie) e Sidnei Schneider (que também já traduziu muita coisa, mas estava ali como mediador). Os três concluíram que todo mundo diz que traduzir é impossível e continua trabalhando com tradução. Propuseram, então, dois métodos de realizar o impossível:

1) tradução palavra por palavra – quando o tradutor simplesmente transcreve um verbete do original para o verbete mais próximo da língua para a qual está traduzindo. Parece uma tradução fiel, mas é o contrário. Afinal, há sonoridades e efeitos de sentido próprios de cada língua, e a tradução palavra por palavra faz perder isso. Vale lembrar do conto de Jorge Luis Borges Pierre Menard, autor de Quixote. A personagem Pierre hipoteticamente reescreve palavra por palavra o livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. O argumento do conto é que, mesmo que essa seja uma tradução literal, só a diferença do momento em que surgiram os dois textos faz que haja diferença também na produção de sentidos. Semiótica pura!

2) tradução criativa – o tradutor pega o sentido do texto original, mais seus efeitos sonoros, poéticos, discursivos e tenta reproduzi-los na língua para o qual o texto está sendo traduzido. Isso implica em não ser literalmente fiel ao texto de origem, privilegiando o conteúdo e a forma de apresentação. O argumento a favor é que o outro tipo de tradução, por mais que seja palavra-por-palavra, também é uma criação em cima do texto original. É como tentar resumir em alguns parágrafos a mesa-redonda sobre tradução que ocorreu no FestiPoa Literária: por mais que se descreva literalmente o que foi falado, já não será mais a palestra em si, presenciada por meia dúzia de privilegiados. Será apenas um retrato, um esboço. Ou, se tiver sorte, o registro da sua essência.

Pois quem estava lá e acompanhou tudo há de concordar com uma das falas da mesa: “A tradução vai se descascando com o tempo. O original, não, mantém a tinta.”

01/04/2008

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