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FESTIPOA
Os devaneios intelectuais de Donaldo Schüler e Assis Brasil
Augusto Machado Paim
O tÃtulo da mesa era “A poesia na prosa e a prosa na poesia da literatura brasileira”. Ricardo Silvestrin, o mediador, é poeta e acaba de lançar seu primeiro livro de contos. Queria, portanto, discutir essa passagem da poesia para a prosa, e também o caminho inverso. Citou a Poética de Aristóteles e passou a palavra para Donaldo Schüler.
Donaldo Schüler, que tem a vocação e a experiência de professor, teorizou em voz alta e divagou por terrenos literários, à primeira vista sem destino certo, mas sabendo aonde ia chegar. No trajeto, passou pela Poética de Aristóteles, para não perder o gancho. Falou também de como a construção em forma de versos surgiu para ditar o ritmo de leitura de um texto, ajudando a problematizar a discussão sobre as diferenças entre prosa e poesia. Discorreu sobre sua admiração por Antonio Vieira, Gregório de Matos e Machado de Assis, todos sÃmbolos, para ele, da profundidade filosófica que se encontra na literatura brasileira. Os autores citados estão entre os maiores da literatura mundial, segundo ele. Por quê? Porque no Brasil predomina a “Dialética da feijoada”, em que a mistura é a regra, e uma regra que dá certo. Daà Donaldo passou a falar de Arte Contemporânea: essa tirou a moldura que separava a vida da arte. Como se pode notar, na sua linha de raciocÃnio, Donaldo teceu muitas bandeirolas filosóficas, históricas e artÃsticas. DifÃcil precisar como chegou ao destino que queria, mas que ele chegou, chegou.
O escritor Luiz Antonio de Assis Brasil assumiu a fala e fez questão de agradecer por mais uma aula do Donaldo. Elogiou justamente o fato de ele ter divagado a partir do tema proposto, e não se atido a ele. Depois Assis Brasil causou furor ao dizer que aceitou participar do FestiPoa Literária porque teve a premonição de que “é um evento que chegou para ficar”. E seguiu a sua fala ao mesmo modo de Donaldo, fazendo digressões, teorizando, contando causos. Falou da sua formação Iluminista, da questão dos gêneros literários, da história de um piloto de avião que iniciou um vôo suicida, levando consigo apenas o livro de poemas do poeta inglês John Keats.
Ricardo Silvestrin, 20 anos mais novo que Assis Brasil, 30 anos mais novo que Donaldo Schüler, reassumiu a fala agradecendo pelas duas aulas que recebera. Alguém na platéia fez uma pergunta sobre a questão já esquecida da passagem da poesia para a prosa, e vice-versa. Ricardo Silvestrin respondeu com muito gosto. A mesa acabava de chegar aonde ele queria.
O outro participante previsto na programação, o escritor Moacyr Scliar, não compareceu à mesa. Estava no Rio de Janeiro, e o avião não chegou a tempo.
06/04/2008
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