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Tudo quanto é tipo de nó
Editora Metamorfose


Maria Avelina Fuhro Gastal trabalhou muitos anos como assistente social e terapeuta de família e casal. Escutou diversas histórias e viu muitos nós serem feitos e desfeitos. No seu livro de estreia, “Nós”, percebemos essa bagagem por meio de seus contos profundos e cheios de nós, nós familiares, sociais e amorosos. 

Na entrevista a seguir, Avelina fala sobre a dualidade do título, a paixão pela escrita, o conteúdo dos contos, suas inspirações, planos para o futuro e a importância do Curso Livre de Formação de Escritores da Metamorfoses para a produção do livro. 
 
Luísa Tessuto: Pela capa do livro, percebemos um duplo sentido da palavra “nós”. Como tu explicarias essa relação?
 
Maria Avelina Fuhro Gastal: Na realidade, como eu tinha feito uma proposta de escrever sobre as dificuldades nas relações afetivas, humanas, sociais, eu fui escrevendo e lá pelas tantas quando eu tive que pensar em um título, foi o primeiro título que me veio: “Nós”. “Nós” porque é uma coisa de todos nós - pessoas, de todo mundo que vive em sociedade, que vive relacionamentos - e é de todos nós estarmos envolvidos em nós. Nós afetivos, nós de emprego, nós com o vizinho… Tudo quanto é tipo de nó. E aí em seguida me veio a ideia de que a gente já nasce tendo que romper um nó: nascemos ligados a um cordão, o cordão umbilical. Foi o único título que eu pensei, o primeiro e único. 
 
Luísa: O que os contos têm em comum entre eles e o que os separa?
 
Avelina: Eu acho que o que eles têm são agrupamentos em comum. Tem muito o nó da relação pais e filhos, seja do ponto de vista dos pais, seja do ponto de vista dos filhos, que é uma forma diferente de enxergar esses nós. E muitas vezes não é visto por eles como nós. Tu enxergas, de fora, que ali tem alguma coisa encrencada, mas quem está vivendo não enxerga como uma dificuldade, e sim como uma experiência, e isso é muito que a gente vive. Tem outra parte que o livro mostra mais os nós na questão religiosa. Tem outra parte que foca mais na relação casal: os nós no diálogo, no dia-a-dia, tem até um conto com esse nome! Nas situações corriqueiras, que tu não te dás conta de o quanto está enosado! Tem muito sobre perda, morte, e só depois eu me dei conta (risos). Tem muito sobre a morte de filhos, de pais perdendo filhos. Eu não tenho essa experiência, ainda bem, porém tenho muitos amigos com essa experiência e eu vi isso de perto. Tem muito sobre a questão da dependência química, do alcoolismo, acho que aparece duas ou três vezes. Acredito que isso tem a ver com o trabalho que exerci a vida inteira, porque eu trabalhei por muitos anos como terapeuta de família e casal, com especialização em dependência química. Então é algo que eu ouvi muito, o tempo todo! E é sempre de nó. Eu não tenho como escrever sobre outra coisa. A gente sempre aprende que tu tens que escrever sobre aquilo que tu conheces, e eu pensei “bom, o que eu conheço mais são esses nós”! Se as pessoas pensarem: “ah, as pessoas escrevem sobre os seus problemas”, vão achar que eu sou poço de problemas! (risos). Mas é que a minha vivência profissional também me levou para esse lado. Claro que eu também tenho nós, né? Todos têm! Sabe que tem uma coisa na capa que eu não tinha visto, não tinha me dado conta, a capista não me falou, e acho que foi totalmente sem querer, mas que ficou muito legal? Eu tenho uma amiga, que também é psicóloga, terapeuta de família, e ela me perguntou: “Isso aqui é uma orelha? Saindo do ‘s’?” Aí eu disse: “Não é, mas poderia ser!”, e ela disse “Eu acho que tem tudo a ver! Porque penso que foi da escuta que tu passaste a pensar nesses nós.” Eu disse: “MEU DEUS DO CÉU! É VERDADE”. Parece muito! Que legal, né?
 
Luísa: Por ser um livro de contos, foi preciso ter muitas ideias de histórias. O que te inspira e te faz pensar nessas histórias? 
 
Avelina: Vem do nada! Eu até disse para um amigo meu: “Vão me perguntar de onde eu tiro minhas ideias e nem eu sei!”. Porque às vezes eu sento pensando que eu vou escrever uma coisa, eu começo a escrever e a história começa a tomar outro caminho, e eu mudo a história. Claro,  não é aquela coisa “ah, eu acho uma luz”, não é isso! É com muito sofrimento, aquela coisa toda. Mas eu não sento para escrever com tudo pronto. Eu sento, eu preciso já ter a ideia, não crio na frente do computador, mas às vezes eu sento e transformo a ideia. Então eu realmente não sei te dizer. Mas a ideia eu penso do nada. Coisas bobas, uma propaganda, uma cena que eu vi na rua, até alguma coisa que aconteceu comigo e aí eu mudo, claro, ou alguma coisa que as pessoas me falaram. Não tem nenhuma história de paciente, nada! Se um paciente meu comprar o livro e for ler, ninguém vai dizer: “Isso ela tirou da minha história de vida!”. Não! Eu posso ter tirado da dele, da minha, misturado tudo, mas eu não conto a história de ninguém, tenho esse cuidado. 
 
Luísa: Qual foi a importância do Curso Livre de Formação de Escritores da Metamorfose para a produção do livro?
 
Avelina: Na realidade, eu comecei a fazer cursos de escrita criativa a partir do momento que eu me aposentei. Além de ser terapeuta de família e casal, eu trabalhei por 28 anos na Assembleia Legislativa, eu era concursada como assistente social, e eu trabalhava loucamente. E aí eu me aposentei e continuei com o consultório, mas fiquei com muito medo de uma vida esvaziada, de repente! Eu pensei “Eu tinha um horário enlouquecido, vou fazer o que agora?”. Meu filho já tinha casado, minha filha já tinha saído de casa, a casa vazia, tempo sobrando, e eu faço o que com isso tudo? Aí eu me matriculei na minha primeira oficina de escrita criativa em 2013. Fiz, e gostei. Aí não sei mais quantas oficinas eu fiz depois. Eu escrevia para as oficinas, mas eu não tinha nenhuma ideia ou intenção de publicar. Eu não mostrava muito meus textos para ninguém, a não serem as pessoas próximas. Quando eu estava terminando a oficina com o Assis Brasil, eu pensava: “E agora? O que eu vou fazer ano que vem?”. Nisso eu vi o curso da Metamorfose, de um ano e meio, resolvi me inscrever porque por esse tempo eu já ia ter a solução! Muita coisa de teoria eu já tinha visto mil vezes, mas vi muita coisa nova: nunca tinha buscado nada sobre poesia, porque pensava que eu não sabia fazer então não buscava, adorei! Vi também a parte prática do ser escritor, de como tu se organizas, como tu vendes o teu trabalho, isso eu não tinha a menor ideia! Uma coisa que é muito importante no curso, que pra mim foi muito importante, é a segurança da possibilidade de arriscar e ir além. Me senti com uma rede de proteção, do tipo: se eu entregar um livro, e o Marcelo achar uma droga, eu tenho certeza que ele não vai publicar. Aqui a história  principal não é de a editora ganhar dinheiro para publicar teu livro, isso te dá uma segurança, é um respeito mútuo, a editora não vai se queimar, mas a editora também não vai me queimar! Talvez se eu não tivesse feito (o curso), eu não tivesse publicado. Dificilmente eu teria publicado. E também foi aqui com a Metamorfose que eu me senti estimulada a arriscar um romance. Terminando essa parte de estar mais envolvida com o “Nós”, eu vou escrever um romance. 
 
Luísa: Então já podemos esperar um segundo livro?
 
Avelina: Sim! Eu adoro escrever! Adoro ler, escrever. Tem épocas que eu não escrevo nada, porque não é aquela coisa “preciso escrever para viver”, não, tem horas que eu preciso parar de escrever para viver! Mas aí lá pelas tantas me dá uma vontade e eu volto, gosto muito de escrever. Eu tenho uma neta de três anos, e meu filho me contou que quando ela enxerga um livro na casa deles, ela pergunta: “A vovó tá aí?”, qualquer livro que ela enxerga ela associa comigo. Acho isso bem legal, ser identificada pelo livro! 
 

 

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