Manifesto Contra a Desvalorização da Literatura Infantil e Juvenil no Edital do Prêmio Jabuti 2018
AGES - Associação Gaúcha de Escritores
Não é de hoje que a literatura para crianças e jovens é relegada a segundo plano, basta acompanhar o sucateamento e a incerteza que cerca o aclamado Programa de Leitura Adote um Escritor desde o ano passado e do desmonte do Programa Nacional Biblioteca da Escola que, tempos atrás, enviou livros incríveis para escolas públicas do país. Desta vez, o golpe surgiu de onde menos se esperava, de quem se diz defensor do livro e da leitura.
Em meados de maio, foi publicado o edital da 60ª edição do Prêmio Jabuti, concedido e organizado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro). Desde então, longas discussões têm se dado no âmbito das redes sociais sobre alguns ajustes aplicados na estrutura do prêmio. Além de eliminar quase 40% das categorias, foram suprimidos os segundos e terceiros lugares. A análise das obras, apenas em formato virtual, é outro fator que preocupa a categoria produtiva, já que o objeto livro possui aspectos que só podem ser analisados junto do produto físico.
A área mais atingida, no entanto, foi a de jovens leitores, já que a literatura juvenil foi agregada à infantil e a categoria ilustração de livro infantil e juvenil acabou deslocada para a de ilustração geral.
Um grupo significativo de profissionais voltados à produção de obras para jovens leitores preparou uma carta estabelecendo pontos considerados imprescindíveis para que o Jabuti não perdesse em qualidade e representatividade. O posicionamento da curadoria do prêmio mostrou-se insensível às reivindicações do grupo e até deselegante em comentários publicados no Facebook.
Os livros para crianças e jovens têm suas particularidades e não podem ser tratados como produção única. O conceito de ilustração para o livro infantil e juvenil já tem fortuna crítica suficiente para demandar um olhar diferenciado. As entidades representativas do mercado livreiro precisam levar em conta a opinião e a análise dos profissionais criadores da arte da escrita e da ilustração.
A AGEs contesta a atitude intransigente da organização do Prêmio Jabuti 2018 e está solidária a escritor@s, ilustrador@s, mediador@s de leitura e demais profissionais da área do livro, que há muito batalham para que a literatura infantil e juvenil tenha seu valor inestimável reconhecido.
Para saber mais sobre o debate em torno dessa questão, acesse:
Novo formato do Prêmio Jabuti - 60 anos desvaloriza a literatura para crianças e jovens
Continuando a conversa sobre o Prêmio Jabuti: Ilustração, arte ou técnica?
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