Retratos de uma França desconhecida
Fotografias para relembrar os tempos da juventude dourada francesa e fotografias que resgatam a história da mineração daquele país. Temas antagônicos, mas que retratam um momento que não voltará mais. É nesse espírito que o Espaço Cultural La Photo apresenta a partir do dia 05 de outubro duas exposições do Festival de Fotojornalismo Visa pour l´image. “Juventude Dourada", de Marie Paule Nègre e "Não iremos mais à mina – os últimos mineiros de carvão", de Jacques Grison, têm inauguração às 19h do dia 5 e permanecem em cartaz de 6 a 31 de outubro, em comemoração ao Ano da França no Brasil.
A partir de olhares talentosos os artistas revelam estéticas diferentes, em duas esferas sociais que não se comunicam, mas com características de uma França pouco conhecida. Para mostrar o mundo luxuoso e brilhante da juventude dourada francesa, Marie Paule Nègre usa imagens em preto e branco a fim de apresentar a opulência da sociedade por meio de códigos que a dirigem.
Em oposição, Jacques Grison, natural de Verdun - terra emblemática do sofrimento da primeira guerra mundial -, apresenta uma potência de cor incrível através de suas imagens reveladoras e obscuras da última descida dos mineiros de Lorraine à mina de carvão. Fascinado pelas emoções humanas, Grison descreve cada episódio desta última descida com o pudor e a reverência devida àqueles que jamais voltarão à mina.
As duas mostras fotográficas fazem parte do festival “Visa pour l´image”, da cidade de Perpignan, na França. Criada na década de 80, a exposição dedica-se todos os anos aos fatos atuais do fotojornalismo através do mundo, com interesse específico na estética denominada na França "O Novo Documentário". Anualmente, o Ministério da Cultura e da Comunicação acompanha a programação do “Visa pour l’ image” oferecendo, juntamente com o festival, uma série de propostas fotográficas. Marie-Paule Nègre e Jacques Grison fazem parte dos profissionais selecionados pelo Ministério.
Sobre as mostras:
Juventude Dourada - de Marie Paule Nègre
Marie-Paule Nègre é uma observadora perspicaz do cotidiano, especialmente daqueles em situação de tensão. Certamente foi o que a levou e iniciar uma pesquisa profunda sobre a pobreza e a precariedade na França, tema que explorou durante mais de dez anos. Este processo lento de conhecimento permitiu-lhe descobrir gestos, relações humanas, organização do espaço e luz próprios desses locais e pessoas. Concentra seu olhar sobre os locais, os objetos, os detalhes incongruentes reveladores de uma situação e a confirmação, na linha de Lewis Hine, que "a miséria não é um fato anódino, um simples acontecimento". Assim, quando o Ministério da Cultura e da Comunicação decidiu lançar uma grande campanha fotográfica sobre a juventude na França – a bela idade – para celebrar a virada do ano 2000, pareceu muito pertinente solicitar-lhe que retratasse o tema da juventude dourada. Utilizou o mesmo protocolo de investigação para construir cada um de seus capítulos: baile de debutantes, reuniões no campo e eventos mundanos. A fotógrafa analisa, observa, disseca o cotidiano de seus modelos, revela os códigos específicos, questiona o luxo e as tradições fora de moda e tenta compreender esse mundo fechado sobre si mesmo. Além das qualidades narrativas e formais que caracterizam seu trabalho, Marie-Paule Nègre dá continuamente provas de um humanismo exemplar.
Não iremos mais à mina – os últimos mineiros de carvão - de Jacques Grison
O percurso de Jacques Grison é atípico. Nasceu em 1958, em Verdun, terra emblemática de sofrimento e de reclusão nas trincheiras da primeira Guerra Mundial. Jacques Grison começa seus estudos científicos antes de entrar para o Conservatório de Teatro de Nancy e, desse período, mantém um gosto acentuado pela pesquisa e a lógica científica, com nuances de fascinação pelas emoções humanas que se aprende a controlar ou a dissimular. É o que o leva a mudar e a tornar-se educador especializado em um hospital psiquiátrico, local onde se encontra a dor, o irracional e a violência de sentimentos. O Ministério da Cultura e da Comunicação considera particularmente interessante propor-lhe um projeto sobre o último dia de trabalho dos jovens na minas de Lorraine, de onde é originário. Grison conhece perfeitamente não só as tradições, os costumes e os ritos, mas também o companheirismo, as superstições e os perigos desse mundo fechado. Relata, com precisão e cumplicidade, esse último dia desde a aurora em todo o seu esplendor até o momento em que a lâmpada dos mineiros se apagará para sempre.
Esse trabalho surpreende pela potência da cor, pelo jogo de profundidade; vigilância, gestos contidos, economia de recursos, incríveis turbilhões de cores e longas pausas. Jacques Grison foi confrontado a todas as dificuldades ligadas a um trabalho embaixo da terra e em um espaço confinado. Descreve cada episódio desta última descida com o pudor e a reverência que devemos àqueles que jamais voltarão da mina.
Serviço
“Visa pour l´image” no Brasil
"Juventude Dourada", de Marie Paule Nègre e "Não iremos mais à mina – os últimos mineiros de carvão", de Jacques Grison
Abertura: dia 05 de outubro, às 19h
Visitação: de 06 a 31 de outubro, das 9h às 18h
Espaço Cultural La Photo – Travessa da Paz, 44 – Porto Alegre
Fone: (51) 3221.6730
Patrocínio: Caixa Econômica Federal
Uma parceria: Aliança Francesa de Porto Alegre, Espaço La Photo e Bis Cultura
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