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AGES responde ao secretário Adriano Brito sobre o programa Adote um Escritor
AGES - Associação Gaúcha de Escritores


Em seu comparecimento à Câmara Municipal de Porto Alegre, durante a sessão plenária do dia 3 de agosto último, o secretário municipal da Educação de Porto Alegre, Adriano de Naves Brito, confirmou que a Smed não destinará recursos para a compra de livros para o Programa Adote um Escritor na gestão do prefeito Nelson Marchezan Junior.

Diante da manifestação do secretário da Smed (ouça o áudio), a Associação Gaúcha dos Escritores (AGES) vem a público fazer algumas observações a respeito do tema:

 1. O Programa Adote um Escritor tem um formato: a Câmara Rio-Grandense do Livro - CRL (entidade formada por editores, distribuidores de livros e livreiros) medeia o agendamento dos escritores com as escolas e paga cachês e demais custos dos escritores tanto com passagens aéreas quanto com traslados. A prefeitura, por meio da SMED, fornece às escolas o valor para a compra de livros dos escritores que farão as visitas e abastece as bibliotecas. Também providencia ônibus para os alunos fazerem a visita à Feira do Livro e fornece um vale-livro de R$ 50,00 para os professores.

As escolas, tão logo possível, adquirem os livros dos autores adotados e fazem, durante todo o ano, o trabalho com os textos das mais variadas formas e interações, culminando com a visita do autor e a ida à Feira do Livro. Formato mais do que consagrado e eficiente. Quando alguma dessas partes não cumpre seu papel o programa não funciona com o efeito para o qual foi planejado e pode até ter algum valor, mas deixa de ser o Programa Adote um Escritor.

2. A parte que se nega a cumprir seu papel é a SMED e, se a prefeitura não vai honrar o compromisso e parceria, deixa de ser parte do programa, não podendo alegá-lo como política de incentivo à leitura ou se eximir de sua responsabilidade caso o programa venha a ser extinto.

3. A SMED alega continuar a ser desejosa da parceria e, mesmo sem fazer compra de livros, se comprometeria a pagar cachês e demais despesas da CRL. Novamente afirmamos que, se o programa assim continuasse, seria outra coisa que não o Adote, e, nesse caso, quem não teria papel nenhum seria a CRL, pois a mediação poderia ser feita pela própria SMED. Todavia, sabe-se que, conforme as negociações feitas até o momento, tais pagamentos seguiriam sendo feitos pela CRL, que ficaria no aguardo do ressarcimento da SMED, responsável neste caso por buscar patrocínio e apoio privado.

4. No caso da continuação do programa nestes termos, Porto Alegre seria a única cidade com programa de leitura sem livros, conforme observou o escritor Airton Ortiz.

5. O secretário alega não ser necessária a compra de livros, pois as escolas teriam livros suficientes. Este é somente um argumento falacioso, pois os escritores não visitam as mesmas escolas (que são 99) e a cada ano são adquiridas as obras dos escritores adotados. Os livros precisam chegar com meses de antecedência e continuam a ser usufruídos nas bibliotecas meses e até anos após a visita, o que impossibilitaria também um rodízio de livros entre as escolas, pois, além de logisticamente difícil, não atende a necessidade de ter disponíveis as obras dos autores que já foram adotados em outros anos.

Necessidade real e amplamente relatada em dezenas de depoimentos de professores e bibliotecários que trabalham no programa. Recebemos, inclusive, informações de que a CRL está avaliando se, nos novos termos e com o cronograma já avançado sem haver uma palavra definitiva sobre como os livros circulariam, seria possível realizar o programa da maneira como os alunos merecem, sem que seja somente um arremedo de incentivo à leitura.

6. Vários escritores já manifestaram não entender como o programa pode ter efeito sem que seus livros sejam anteriormente trabalhados nas escolas, trabalho que era proporcionado pela compra antecipada. Sendo assim, não veem razão para a visita.

7. O secretário fez um bonito jogo de palavras ao dizer que não se trata do “Adote uma Editora” e sim de “Adote um Escritor”. Talvez por má vontade demonstrou não entender que, na verdade, o autor não é o adotado e sim os seus livros, pois os protagonistas do programa são os textos. O autor não é nenhum conferencista, palestrante ou “show man”. São os livros e a reflexão oriunda deles que importam. Afinal, o encontro com o autor aproxima o leitor do texto e possibilita maior interação e compreensão da obra, entre outras coisas bem mais importantes e menos mensuráveis que qualquer professor envolvido pode explicar.

8. A compra de livros não é o propósito do programa, nem a ida do escritor à escola, ou somente o trabalho de leitura e produção. Mas todos esses elementos conjugados acabaram por fazer o Programa Adote um Escritor um programa vitorioso e exemplar, reconhecido em todo o território nacional. Qualquer alteração, se não for incremento, é perda, e grave.

9. O secretário citou um valor que foi gasto nos últimos dezesseis anos no programa, que é um valor impressionante dito da maneira como foi, mas ridículo em se tratando do orçamento de uma cidade grande como Porto Alegre. Esperamos que o valor utilizado no incentivo à leitura e à formação do cidadão crítico aumente nos próximos anos.

10. E por citar esse valor diz acreditar que a parceria deve se manter e ainda com a doação pelas editoras dos livros dos autores (sete novos no programa) que ainda não estão no acervo das escolas. Curioso esse entendimento de parceria público-privada, em que um recebe e o outra dá algo sem nenhuma contrapartida. O acordo é renovado anualmente porque as contrapartidas devem ser renovadas. Não se pode alegar que durante tantos anos nós já demos nossa parte e agora queremos só receber, pois a outra parte também dava e recebia.

Ou seja, a SMED quer assim: vocês organizam tudo, nós damos uma esmola; as escolas ficam sem livros e sem o trabalho pedagógico e literário que esses livros proporcionariam; os escritores chegam nas escolas e falam sobre outra coisa que não sejam as leituras, porque não foram realizadas sem os livros disponibilizados; as editoras não vendem os livros e nós, a prefeitura/SMED, poderemos dizer que mantivemos o programa e que ele segue um sucesso, provando que se pode fazer tudo sem dinheiro.

11. Querem fazer dessa forma, pois bem, façam, mas não chamem de Adote um Escritor, pois não é. Chamem os envolvidos para uma mesa e expliquem, em termos pedagógicos, logísticos e literários, como esse “novo” programa funcionaria e se submetam às observações de quem entende do assunto, pois talvez esse “novo” programa seja ruim. E é por isso que se fazia da outra maneira que vocês querem extinguir.

 

Christian David
presidente da AGES

 

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