SaÃmos do Uruguai pelo ChuÃ. Pegamos a BR 471 no inÃcio da manhã. Aproveitamos o dia generoso em cores, luz e calor na medida exata. Um retorno sem pressa para os dias iguais. Mas, em nosso caminho ainda cabiam afagos de um pedaço de mundo por demais exuberante.
E quando nossos olhos pareciam se perder vinha a audição a nos cutucar com a batuta do vento regendo o canto de todas as aves. Um canto de vida ensurdecedor. Um encantamento para nós, ali, com nossa tosca humanidade pretensiosa. De repente a música silenciou, a visão pedia passagem.
Lá estavam elas, feito tocos de árvores largados no acostamento da estrada. As capivaras mortas. Dezenas delas esquecidas em fila no asfalto. Um trecho de estrada ainda sem cerca. E os carros, ah, os carros. Muitos cruzavam a estrada numa velocidade bem acima da permitida. Voavam agora os homens vestidos na sua arrogância. Deixavam um rastro de sangue inerte pelo caminho. Um baque arrastado, um grunhido e o silêncio.
As águas do banhado se misturavam com a vegetação e no meio delas os marrecos, cisnes-de-pescoço-preto, as garças e os quero-queros encontravam a abundância em mais uma refeição. Uma brisa leve trouxe com ela um aroma de terra molhada. Aos poucos cacos de lembranças foram povoando meus pensamentos e deixando para trás os corpos sem vida das capivaras.
Sensacional.! Obrigada por nos presentear com tuas crônicas! Joice Daresbach, Cachoeirinha-RS20/11/2019 - 18:39
Que lindo, Marta. Tens o dom de nos transportar para os teus sonhos, nos fazendo vivenciar por uns instantes o cenário e os acontecimentos que relatas. Muito bom! Ana Maria Cavedon, Porto Alegre20/11/2019 - 17:42
Os comentários são publicados no portal da forma como foram enviados em respeito
ao usuário, não responsabilizando-se o AG ou o autor pelo teor dos comentários
nem pela sua correção linguística.
Os cursos online da Metamorfose Cursos aliam a flexibilidade de um curso online, que você faz no seu tempo, onde e quando puder, com a presença ativa do professor.