Uma das fases mais difíceis de um relacionamento é a fase final. Quando se esgotam as expectativas, as tentativas, as experiências, dar um ponto final exige sabedoria (ou loucura, talvez), tato e coragem. O final é pensado e repensado. A sua forma de acontecer, as palavras a serem utilizadas, o local em que ocorrerá o desfecho é arquitetado com antecedência.
Da mesma forma que acontece em relacionamentos pessoais se dá na vida do “pobre” escritor ao ter que decidir em como ele dará o fechamento de sua narrativa ou seu poema. Embora alguns já tenham uma vaga ideia de como irá terminar sua produção escrita, ou que vá tendo durante a criação de sua historinha, uma noção ou uma intenção de um desfecho, sempre há a interferência de uma nova possibilidade. E agora, como terminar? Seria interessante um triste fim ou um final feliz?
Sendo assim, o escritor pondera entre manter o “seu final” já pré-estabelecido, modificar completamente as suas últimas palavras ou escutar a opinião de terceiros e dar o fim que ele não queria. Nesta etapa final, a lucidez e a emoção duelam entre si. Qual final envolveria mais o público, qual agradaria a sua mãezinha ou qual daria mais lucro?
Por fim, entre o triste fim e o final feliz, vagueiam as dúvidas, as certezas, os medos e o pânico. Afinal, ninguém tem, na hora de colocar o ponto final, a certeza do que os leitores pensarão sobre o SEU final.
03/12/2019
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Cláudia de Villar
Cláudia Oliveira de Villar é natural de Porto Alegre/RS e atua desde 2000 como professora de séries iniciais do ensino fundamental em escola pública estadual. Possui doze livros publicados, sendo dez para o público infanto-juvenil e dois para adultos: Eu também... (Alcance, 2005, infantil), Bola, sacola e escola (Manas, 2009, infantil), Zé Trelelé no Gre-Nal (Manas, 2010, infantil), Uma foca na Copa (Manas, 2010, infantil), Meu Primeiro Amor (Manas, 2011, infantil), Aprendendo a viver e ensinando a sonhar (Manas, 2012, adulto), Rambo, um peixe no fandango (Manas, 2013, infantojuvenil), Mano e a boneca de pano (Manas, 2013, infanto-juvenil, O Mistério do Vento Negro, volumes I e II(Imprensa Livre, 2014-2015, juvenil), Um Continho de Natal(Metamorfose, 2016) e o lançamento de 2018: Histórias para ler no Intervalo ( Metamorfose, 2018). Participou de três antologias, Brasil Poeta (Alcance, 2005), Casa do Poeta Rio-Grandense (Alcance, 2005) e Mercopoema (Alcance, 2005) e uma coletânea de contos, Metamorfoses (Metamorfose, 2016). Além do curso de Magistério, Cláudia é graduada em Letras, especialista em Pedagogia Gestora e Supervisão Escolar. Atua no meio educacional também como mediadora de leitura e, como jornalista colaboradora, a escritora é colunista do Jornal de Viamão/RS, bem como escreve para o portal Artistas Gaúchos, Homo Literatus e Almanaque Literário.
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